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Veja as estimativas de analistas para a Selic após divulgação da ata do Copom

Na reunião da última quarta-feira (4), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) subiu a taxa básica de juros, a Selic, em mais 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano. Hoje, o comunicado presente na ata do Copom fornece ao mercado algumas dicas sobre quais serão os próximos passos da autoridade monetária em relação à Selic.

Veja, abaixo, a opinião de analistas sobre o cenário brasileiro e as projeções para a taxa de juros nos próximos meses:

Goldman Sachs

O Copom validou, em ata da última reunião, uma taxa Selic acima de 13% e não mencionou, explícita ou implicitamente, que o ciclo será interrompido em junho, dado que não se refere mais a um juro de 13,25% como “suficiente” para ancorar a inflação em torno das metas no horizonte relevante. A análise é do chefe de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.

Segundo Ramos, a ata, bem como o comunicado pós-reunião, mostra um BC “vigilante, mas equilibrado, pronto para validar uma taxa Selic acima de 13%, mas também cauteloso em relação aos próximos movimentos de política”.

A cautela é devida, explica Ramos, à postura monetária já claramente restritiva, aos efeitos defasados das altas recentes, ao aumento da incerteza em torno do cenário macro, à possibilidade de que os preços das commodities em moeda local possam significar uma reversão parcial e ao fato de que o balanço de riscos para a inflação não é mais julgado como assimétrico para cima.

“No todo, estamos agora entrando em um estágio de ajuste fino de fim de ciclo”, emenda o economista do banco americano. Ramos pondera, no entanto, que a ata não menciona explícita ou implicitamente que uma provável alta de junho (de menor magnitude) poderia ser o fim do ciclo.

“Afinal, o Copom não menciona mais que o ciclo de juros que sustenta seu cenário (Selic subindo para 13,25% em 2022) é suficiente para a convergência da inflação para níveis em torno da meta no horizonte relevante”, diz o profissional.

No momento, o Goldman Sachs projeta no cenário básico outro aumento de 0,50 ponto da Selic na reunião de junho, levando a taxa ao nível terminal de 13,25%. “Esperamos que o Copom espere até o segundo trimestre de 2023 para começar a cortar os juros. Não descartamos um aumento de 0,75 ponto em junho e/ou outro aumento na reunião do início de agosto”, escreve Ramos.

Citi

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ratifica a extensão do atual ciclo de aperto da taxa Selic, na visão dos profissionais do Citi, que ressaltam “riscos crescentes” de aumentos de juros para além de junho.

Em nota assinada pelo estrategista para mercados emergentes Dirk Willer e o economista-chefe para América Latina Ernesto Revilla, a avaliação é de que os membros do BC descreveram na ata uma perspectiva de inflação mais desafiadora “principalmente em relação ao ambiente global”, ao afirmar que os desenvolvimentos “podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens”.

Por outro lado, o Citi destaca que o Copom pontuou que o atual ciclo de aperto foi bastante intenso e pontual, mas reconheceu que houve “deterioração marginal” na dinâmica da inflação no curto e médio/longo prazos, optando, assim, por sinalizar extensão do ciclo de aperto com uma alta adicional de menor magnitude na reunião de junho.

“No geral, mantemos nossa previsão de alta de 0,50 ponto na taxa Selic em 15 de junho, mas, dada a recente desvalorização cambial em meio a preços de commodities praticamente estáveis, vemos riscos crescentes de o Copom continuar apertando a política monetária além da reunião de junho”, dizem os analistas do Citi.

Segundo eles, embora a ata provavelmente deva ser lida como “hawkish” (inclinada ao aperto monetário) pelos agentes financeiros, ela traz uma mensagem semelhante à do comunicado. “É provável que os investidores continuem a precificar um pouco mais de de 0,50 ponto para a reunião de junho e cerca de 0,25 ponto para a próxima”, avaliam Willer e Revilla.

Bradesco

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou a sinalização do comunicado ao apontar que o colegiado julga apropriado que o aperto continue avançando em território contracionista, deixando a porta aberta para um ajuste adicional à frente, avalia o Bradesco. A instituição financeira segue projetando que o ciclo de alta de juros será encerrando na reunião de junho, quando a taxa Selic será elevada para 13,25% ao ano.

O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do banco identifica, entre as discussões trazidas na ata, a divergência entre as projeções de seu cenário de referência e as projeções de mercado, que têm apontado para uma inflação mais elevada.

“As possíveis explicações levantadas pelo comitê para essa diferença envolvem divergência nas hipóteses para a taxa de juros neutra, ou mesmo na velocidade da desinflação de bens industriais”, avaliam os profissionais do Bradesco. “De fato, em nossa avaliação, a velocidade de reversão dos preços de commodities e seus impactos sobre os preços industriais serão determinantes para o cenário de inflação de médio prazo.”

No curto prazo, os dados até a próxima reunião é que serão cruciais para determinar o ritmo de alta da Selic, avaliam eles.

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: Valor Investe

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