Radar – Agosto/2020
Cenário Internacional
EUA – O PIB dos EUA caiu a uma taxa anualizada de 32,9% no 2º tri, o pior resultado da série As fortes contrações no consumo, nas exportações, nos investimentos e nos gastos dos governos contribuíram para a redução do PIB.
UE – Para a zona do Euro, o 2º tri teve queda de 12,1% comparado ao trimestre anterior, no dado dessazonalizado, explicado, de acordo com o BCB, pelo fato que o mês de abril configurou-se como auge das medidas restritivas de mobilidade urbana e distanciamento social. Na dimensão espacial, observam se impactos heterogêneos na região, com quedas mais pronunciadas proporcionais à severidade das medidas restritivas.
Cenário Político
Em relação à pandemia, Bolsonaro segue desdenhando de aspectos basilares da doença. Testou positivo para o Covid-19, insistiu na utilização da Cloroquina, mas depois de recuperado e a despeito de a primeira-dama estar com a doença, circulou o Brasil promovendo ajuntamento de pessoas em tom de campanha eleitoral.
O Aliança pelo Brasil não ficou pronto para as eleições municipais e seus dirigentes acusam a família Bolsonaro de dar pouco apoio. Roberto Jeferson afirmou que o PTB pode receber Jair Bolsonaro. Os movimentos partidários do presidente dão sinais de incerteza e pouco caso à lógica das legendas.
Nomeação do ministro da Educação arrefeceu alguns conflitos. Ademais, alas que estavam em guerra deram trégua ao fogo amigo. O cenário pode ser momentâneo, mas é melhor.
No Congresso Nacional, importante lembrar, as comissões não estão funcionando – sobretudo as permanentes. Toda PEC (Proposta de Emenda Constitucional), precisa de uma comissão especial. Por mais que isso não tenho ocorrido na mudança da data das eleições, um grupo misto foi anunciado entre deputados e senadores para análise da Reforma Tributária. Chance de o projeto do governo prosperar é baixa, sendo capaz de gerar mais desconforto. E a comissão vai discutir as PEC’s que já tramitavam na Casa (chamadas de Projeto Haully e Projeto Bernad Appy), e mais o Projeto de Lei do governo. Maia tomou para si a possibilidade de entregar seu posto em fevereiro de 2021 com algo aprovado na Câmara. A chance existe, mas é difícil.
O cientista político Vítor Oliveira alerta para as discussões do novo Código Brasileiro de Energia Elétrica. Ademais, pauta ambiental gera preocupações em diferentes grupos que percebem o peso que o descaso do qual o Brasil é acusado pode gerar em investimentos estrangeiros.
Os movimentos de alinhamento dos partidos políticos na Câmara dos Deputados não dizem respeito apenas ao apoio que concedem ou não a Jair Bolsonaro. O tema central é a sucessão de Rodrigo Maia. Alguns nomes surgiram e o poder conferido à figura do presidente da Casa em meio principalmente à pandemia, que resultou num arrefecimento da força das comissões, fazem do cargo algo ainda mais cobiçado. Um desses personagens é Arthur Lira (PP), mas nem dentro de seu partido ele deixa de encontrar resistência.
PIB
Projeção para o PIB de 2020 é de uma retração de 5,6%. A queda considera os impactos do avanço do coronavírus e uma paralisação que se estende durante o início do terceiro trimestre.
Para junho, a produção industrial registrou crescimento de 8,9% em relação ao mês anterior na série dessazonalizada. Na abertura observamos que 24 das 26 atividades pesquisadas apontaram elevação.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em julho teve alta de 10,8%. em termos dessazonalizados. Na mesma tendência, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) cresceu 15,7%. Apesar da melhora, os indicadores devem se manter em níveis relativamente baixos devido às incertezas que ainda pairam sobre a economia doméstica.
PIB Regional
O resultado do PIB regional na média móvel trimestral terminada em maio/2020 trouxe resultados negativos para 25 unidades federativas.
Os piores resultados foram verificados no Sul (-10,3%) e no Sudeste (-9,2%), com destaque para SP (-10,3%) e RS (-12,9%).
Na sequência, Nordeste (-9,0%), Norte (-7,8%) e Centro-Oeste (- 2,2%).
No crescimento acumulado em 12 meses até maio/2020, 9UFs ainda apresentam resultado positivo.
Maior crescimento em 12 meses é observado, atualmente, no Norte (1,4%) e menor no Sul (- 2,8%).
Mercado de Trabalho
Segundo a PNAD Contínua, do IBGE, a taxa de desocupação foi de 13,3% em junho. Em comparação ao trimestre encerrado em março, a alta foi de 1,1 p.p.
Em termos dessazonalizados, a taxa ficou em 13,2%, em alta comparado a maio (12,6%).
O resultado do Caged de junho acusou destruição líquida de 11,0 mil vagas (+10,8 mil no dado dessazonalizado), menor que a observada em maio, quando houve destruição líquida de 350,3 mil vagas. O número reflete a continuação da retomada da atividade econômica, após o pior período em abril.
Inflação
O IPCA de julho trouxe inflação de 0,36%.
No acumulado em 12 meses, a inflação é de 2,31%.
O grupo que exerceu maior pressão positiva sobre o índice foi Transportes (0,78%), com impacto de 0,15 ponto percentual
O IGP-M de julho registrou inflação de 2,23%, ante 1,56% em junho.
O destaque do mês ficou por conta do IPA-M, cuja variação saiu de 2,25% para 3,00%, refletindo tanto a recomposição dos preços internacionais do petróleo quanto a alta no preço do minério de ferro.
Política Monetária
Em sua reunião de agosto, o Copom decidiu a reduzir a taxa básica de juros em 0,25 p.p., levando a Selic de 2,25% para 2,00%.
Conforme enfatizado no Comunicado, a queda está ligada à expectativa dos efeitos da pandemia sobre a economia, e tem motivado outras ações do BC no sentido de ampliar a liquidez e garantir o bom funcionamento do sistema financeiro.
Para as próximas reuniões, o Comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual.
Política Fiscal
A arrecadação tributária de junho trouxe queda aguda na comparação com o mesmo mês do ano passado, refletindo novamente os efeitos da pandemia.
O resultado primário do Governo Central em junho foi negativo em R$ 194,7 bilhões, e deixa claro que a piora nas contas públicas acontece tanto nas receitas quanto nas despesas.
Com o decreto de calamidade pública, visando minimizar efeitos da pandemia de coronavírus, abre-se a possibilidade para que o governo amplie seus gastos sem se submeter às amarras da meta fiscal ou do teto de gastos.
O grande risco é que parte do aumento de despesas tenha caráter permanente, afetando, então, a capacidade de estabilização da dívida pública no futuro.
Taxa de Câmbio
Ambiente externo conduziu a maior parte do movimento recente de depreciação do real. Dólar tem se apreciado globalmente por força de movimento de aversão a risco, algo que está relacionado aos efeitos do coronavírus sobre a atividade econômica global. No entanto, ambiente político interno também contribui para a instabilidade.
Ainda assim, o patamar atual da cotação reflete o momento de pânico, devendo voltar a níveis mais baixos quando os fundamentos voltarem a ocupar os holofotes.
No curto prazo, o Banco Central continua atuando no combate à volatilidade, o que é bastante razoável diante dos custos associados à não intervenção e do grande volume de reservas que o BC tem disponível para tal.
Fonte: 4E
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