4E Radar MAI/2021
Cenário Internacional
EUA – O PIB dos EUA teve crescimento de 6,4% no 1º tri de 2021, na série com ajuste sazonal.
O número reflete a flexibilização de medidas de isolamento social e estímulos do governo no período.
UE – Na Zona do Euro, o PIB do 1° tri de 2021 teve contração de 0,6% comparado ao trimestre anterior, no dado dessazonalizado.
Resultado reflete a terceira onda da pandemia na região no primeiro trimestre do ano.
Cenário Político
Bolsonaro: clima tenso
Carlos Bolsonaro volta a se aproximar das estratégias de comunicação do Palácio do Planalto e afirma que diante da atual situação o governo precisa elevar o tom e radicalizar. A posição preocupa, uma vez que o caráter beligerante de Bolsonaro tem se mostrado intenso. O objetivo é manter as polarizações que levariam o presidente ao segundo turno das eleições em 2022 – algo que alguns aliados começam a duvidar que possa ocorrer. Importante salientar que existe no centro desse governo conflitos entre grupos, e mesmo entre os filhos do presidente. A tendência é esse ambiente vir à tona no próximo ano.
Começaram os trabalhos da CPI no Senado. Os ex-ministros da Saúde, Mandetta e Teich, e o atual titular Queiroga foram ouvidos em longos depoimentos. O ritmo da CPI é tradicional: políticos alongando perguntas e as transformando em discursos para ficarem em evidência, nítidas estratégias políticas-eleitorais de todas as partes envolvidas, defesas e ataques mais ou menos intensos ao governo e alguns constrangimentos. A parte aparentemente pior para o Planalto foi a ausência do ex ministro Pazuello.
Problemas adicionais atingem o Palácio do Planalto. O Orçamento tornou-se uma peça de ficção de forma escancarada. O governo vetou quase R$ 20 bilhões e pediu ao Congresso crédito suplementar em valor semelhante. A noção de teto de gastos e outros elementos fiscais ofertam o sentimento de que não serão respeitados, ou novos capítulos de criatividade serão assistidos no país. Sobre os cortes, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogerio Marinho, reclamou formalmente da perda de verbas que podem paralisar obras estratégicas pelo país.
PIB
Projeção para o PIB de 2021 é de um crescimento de 3,1%. O número considera recuperação parcial da atividade econômica, principalmente no segundo semestre, quando se espera que a vacinação contra a Covid-19 ganhe força no país.
A Pesquisa Industrial Mensal de março registrou queda de 2,4% na margem, depois de registrar recuo de 1,0% em fevereiro na mesma comparação.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em abril teve crescimento de 6,3%, em termos dessazonalizados. Seguindo
tendência contrária, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 0,7%.
PIB Regional
O resultado do PIB regional na média móvel trimestral dessazonalizada terminada em fev./2021, trouxe destaques positivos para 23 unidades federativas.
Pela ponta mais positiva, as regiões S(1,7%) e SE (1,6%) foram destaque. No S a Indústria teve um crescimento de 3,0% no período. Já no SE a Agropecuária foi a principal responsável pelo desempenho positivo, com variação de 5,2%.
As regiões N e CO apresentaram uma retração de suas atividades no período, -0,6% e -1,0% respectivamente. O desempenho da Indústria em ambas as regiões foi afetado negativamente pela falta de insumos.
Mercado de Trabalho
Segundo a PNAD contínua, do IBGE, a taxa de desocupação (14,4%) no trimestre móvel encerrado em fevereiro ficou praticamente estável comparada ao trimestre de setembro a novembro (14,1%).
A população ocupada também ficou relativamente estável em relação ao trimestre anterior, mas caiu 8,3% frente ao mesmo trimestre de 2020.
O Caged de março acusou criação líquida de 184,1 mil vagas (criação de 263,5 mil vagas na série dessazonalizada).
Os cinco setores da economia registraram criação de vagas no terceiro mês do ano, com destaque para Serviços (95,5 mil vagas).
Inflação
O IPCA de março trouxe inflação de 0,93%.
No acumulado em 12 meses, a inflação foi de 6,10%.
O grupo que exerceu maior pressão positiva sobre o índice foi Transporte (3,81%) com impacto de 0,77 ponto percentual.
O IGP-M de abril registrou alta de 1,51%, ante 2,94% no mês anterior.
Todos os componentes do índice recuaram em abril. Entre eles, o IPA-M, aquele de maior peso sobre o índice geral, variou 1,84% em abril ante 3,56% em março.
Política Monetária
Na reunião de maio, o Copom elevou a Selic para 3,50%.
O Comunicado enfatiza que, em relação à atividade econômica brasileira, indicadores recentes mostram uma evolução mais positiva do que o esperado, apesar da intensidade da segunda onda da pandemia estar maior do que o antecipado. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia ainda permanece acima da usual, mas aos poucos deve ir retornando à normalidade.
Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude.
Política Fiscal
A arrecadação tributária e previdenciária de março trouxe ligeira baixa na comparação com o mesmo mês do ano anterior, refletindo os efeitos da segunda onda da pandemia frente ao mesmo período do ano passado.
O resultado primário do Governo Central, por outro lado, foi ligeiramente melhor do que o de março/20, mas não deve se sustentar na medida em que o isolamento social foi novamente restringido.
Contexto de crise provocado pela pandemia relega arrecadação ao segundo plano, uma vez que desafio esteve em aumentar dispêndio para evitar queda mais aguda da atividade econômica.
Mesmo que de forma temporária, aumento de gastos em 2020 deve levar a dívida a próximo da marca de 90% do PIB no médio prazo.
Taxa de Câmbio
Acreditamos que a taxa de câmbio tende a se estabilizar em patamar mais depreciado, em termos reais, frente aos níveis de 2010-2014, uma vez que os preços de exportações devem permanecer abaixo do pico alcançado nos últimos anos – em outras palavras, não esperamos um novo boom de commodities. Além disso, o cenário internacional quanto à liquidez tende a se tornar menos favorável que nos últimos anos.
Continuamos a enxergar dificuldades em aprovar novas reformas, em especial a tributária, algo que certamente limita o potencial de recuperação do real.
No curto prazo, o Banco Central continua atuando no combate à volatilidade, tanto no mercado futuro quanto no spot.
Fonte: 4E Consultoria
Voltar