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RELATÓRIOS E ARTIGOS ECONÔMICOS

4E RADAR JAN/2022

Cenário Internacional

EUA – O PIB norte-americano teve alta 0,5% no terceiro trimestre do ano, na série livre de influências sazonais.

A desaceleração foi motivada por uma queda no consumo das famílias, que cresceu apenas 1,6% depois de avançar, na esteira da recuperação, 12,0% no segundo trimestre e 11,4% no primeiro.

UE – No terceiro trimestre, a economia da União Europeia cresceu 2,2% segundo o Eurostat – série dessazonalizada.

Mesmo retornando ao patamar pré-pandemia, indicadores antecedentes sugerem arrefecimento da atividade, liderada pelo setor manufatureiro.

Cenário Político

Bolsonaro e os dilemas eleitorais

Em ano eleitoral, Presidente decide dar mais autonomia na manipulação do orçamento à Casa-Civil, onde está o senador Ciro Nogueira (PP) e enfraquece Paulo Guedes. O ministro da Economia afirmou “não acreditar” que Lula lidera as pesquisas. Já Bolsonaro tem repetido que não há problema de servir ao “Centrão”, pois ele “sempre pertenceu ao grupo”.

Presidente sugeriu que variante Ômicron é bem vinda. A fala repercutiu mal e o ministro da Saúde declarou que o Planalto é forte incentivador das vacinas. Na ANVISA, carta do almirante, médico e diretor Barra Torres contra fala do presidente sobre funcionários da agência foi sentida. Se dizendo temente a Deus, militar, patriota e médico, o gestor exigiu desculpas de Bolsonaro, que taxou a mensagem de “agressiva”.

Em cenário de incertezas o PTB voltou a reafirmar apoio à reeleição do Presidente Bolsonaro. A sigla de Roberto Jefferson, que chegou a escrever carta a Bolsonaro e criticá-lo publicamente, sobretudo no instante em que estava escolhendo sua destinação partidária, se juntaria hoje a Progressistas, Republicanos e, naturalmente, ao PL.

Importante lembrar que recentemente, Ciro Nogueira, senador e ministro da Casa Civil, e Ricardo Barros, deputado federal e líder do governo na Câmara, ambos do Progressistas, afirmaram publicamente que o presidente será mantido no cargo pelas urnas a partir de outubro.

Seguem os conflitos entre ex-aliados do presidente e parte dos atuais membros do governo. os filhos do presidente têm se envolvido em polêmicas virtuais, sobretudo Carlos. Discussão com parlamentar do PSL da Paraíba foi intensa e com altos níveis de acusações pessoais. Empresários bolsonaristas deram declarações recentes de apoio a Moro.

PIB

A projeção da 4E para o PIB de 2021 foi revisada, indo de 4,5% para 4,3%. Dados recentes vêm sinalizando perda de tração no setor de serviços e manutenção do quadro desafiador que a indústria vem enfrentando.

A produção industrial de novembro recuou 0,3% na comparação com outubro (-0,6%) na série livre de influências sazonais. Prospectivamente, a capacidade de recuperação da industria deve seguir limitada, espelhando a persistência do desarranjo das cadeias globais de produção, o desaquecimento da atividade econômica em 2022 e as incertezas perante o surto da variante Ômicron.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu pelo quinto mês consecutivo, terminando dezembro em 100,1 pontos na série com ajuste sazonal. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) avançou 0,6 ponto no esmo período, alcançando 75,5 – também para os valores livres de influências sazonais.

PIB Regional

O resultado do PIB Regional no trimestre móvel terminado em outubro/2021 – na série dessazonalizada – trouxe destaques positivos para 13 UFs.

No trimestre móvel encerrado em outubro, o Brasil apresentou uma retração da atividade econômica de 0,9% em relação ao trimestre finalizado em julho deste ano. Já no resultado acumulado em 12 meses, apresenta um crescimento de 4,1%.

Na ponta positiva, o Nordeste (0,8%) foi a região que obteve o maior crescimento no período, sendo o desempenho dos Serviços (1,5%) o principal a contribuir para este resultado.

A crise no setor industrial segue provocando impactos negativos no nível da atividade de vários estados, influenciando diretamente no desempenho agregado das regiões Norte e Centro-Oeste. O Norte apresentou queda do nível de sua atividade de 0,9%, enquanto o Centro-Oeste uma retração de 1,6% neste trimestre móvel.

Mercado de Trabalho

Segundo a PNAD contínua, a taxa de desemprego apresentou o sexto recuo consecutivo na série original, com o trimestre móvel finalizado em outubro em 12,1%, queda de 0,5 p.p. frente ao trimestre anterior (12,6%).

Acreditamos que a taxa de desemprego deve seguir encolhendo nos próximos meses, refletindo a contenção da Covid-19 no Brasil. O avanço da pandemia nos países desenvolvidos, por outro lado, exige cautela, na medida em que um eventual surto de contaminação doméstica, associados à variante ômicron, teria um efeito deletério sobre a confiança dos consumidores e firmas, embora tenda a ser mais amena em termos de óbitos.

Dados do Caged de novembro indicam a criação de 324 mil vagas de emprego (301 mil na série dessazonalizada), marcando o décimo primeiro mês consecutivo de avanço do estoque de empregos. O destaque, novamente, é o setor de serviços, que segue apresentando bons resultados desde meados do ano.

Inflação

O IPCA acelerou 0,73% em dezembro, encerrando o ano de 2021 com inflação acumulada de 10,06%, a maior desde 2015.

Para 2022, projetamos que a normalização das chuvas, do preço das commodities e das cadeias globais de produção, combinadas com a elevação da Selic ocasionem perda de fôlego do quadro inflacionário. Todavia, acreditamos que o IPCA deve seguir pressionado.

O IGP-M avançou (0,87%) em dezembro. Com o resultado, o índice aponta inflação de 17,78% em 2021.

Domesticamente, julgamos que a retomada do setor de serviços, somada a atual crise de abastecimento industrial – que propela a alta nos preços de bens intermediários -, mantenham a inflação em patamares elevados.

Política Monetária

Em sua reunião de dezembro, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros para 9,25% ao ano.

Prospectivamente, BCB sinalizou uma alta de 1,5 p.p. na próxima reunião e juros acima do neutro ao final do ciclo.

Em seu comunicado, o Banco Central destacou riscos para ambos os lados em seu cenário prospectivo: De um, reversão da alta de preço de commodities, mesmo que parcial. Do outro, piora na trajetória fiscal como resposta a pandemia ou frustração nas reformas pode pressionar o prêmio de risco.

Ao final de 2022, trabalhamos com o início de flexibilização, num contexto de inflação arrefecida, mas com incertezas fiscais pesando negativamente. Assim, a Selic deve encerrar 2022 em 11,75% a.a.

Política Fiscal

Em novembro, o setor público consolidado reportou um superávit primário de R$ 15,0 bilhões, ante déficit de R$ 18,1 bilhões no mesmo mês do ano anterior.

A dívida líquida do setor público em relação ao PIB, por sua vez, variou levemente (-0,1 p.p.) e fechou o mês em 57,0%, valor equivalente a R$ 4,9 trilhões. Já a dívida bruta do governo geral fechou o mês 1,2 p.p. abaixo do mês anterior, em 81,1%.

Os bons resultados de 2021 refletem, especialmente, diminuições de despesas associadas à pandemia. A inflação temporariamente elevada, da mesma forma, favorece também o cenário fiscal de curto prazo. Para o médio e longo prazo, porém, é que residem as incertezas e riscos, já que o enfraquecimento de uma das principais âncoras fiscais do país – o teto de gastos – como meio de viabilização do Auxílio Brasil cobra seu preço em termos de credibilidade.

Taxa de Câmbio

Nos últimos meses, dólar devolveu parte da apreciação, em movimento que não atingiu o Brasil por conta da turbulência política, incerteza do reequilíbrio fiscal e juros baixos.

O Real até chegou a se valorizar no momento seguinte, com recomposição dos juros, aprovação do orçamento e termos de troca muito favoráveis, mas movimento voltou a se reverter com piora fiscal.

Movimentos políticos recentes que colocam em cheque o arcabouço fiscal vigente dificultam o movimento de apreciação do Real, de forma que a taxa de câmbio deve encerrar o ano em R$ 5,40.

Continuamos a enxergar dificuldades na aprovação de novas reformas, algo que certamente limita o potencial de recuperação do Real.

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: 4E Consultoria

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