4E Radar JAN/2021
Cenário Internacional
EUA – O PIB dos EUA teve crescimento a uma taxa anualizada de 33,1% no 3º tri de 2020, o melhor resultado da série histórica.
O número reflete a reabertura parcial das atividades após a paralisação causada pela pandemia.
UE – Na Zona do Euro, o PIB do 3º tri de 2020 teve crescimento de 12,5% comparado ao trimestre anterior, no dado dessazonalizado.
Resultado reflete a retirada de medidas de restrição, conjuntamente às medidas de suporte econômico.
Cenário Político
Bolsonaro
Polarização na lógica de popularidade do presidente e cenário favorável em pesquisas de intenção de voto para 2022 ofertam sinais conflitantes para Bolsonaro. O presidente oscila entre a tentativa de conciliação com setores políticos tradicionais, seguindo a lógica comum da governabilidade, e ataques a diferentes setores da sociedade. Em dezembro afrontou a imprensa, em gestos verborrágicos semelhantes àqueles protagonizados por Lula a partir de 2005.
Na Saúde existe um evidente conflito político de gestos e narrativas. Bolsonaro continua minimizando o efeito da pandemia, falando contra a vacina e demonstrando imensas dificuldades para o estabelecimento de uma política nacional condizente com a postura de outros países.
Suas declarações irônicas causam forte impacto nos meios de comunicação. Seu principal oponente, o governador paulista João Dória Jr (PSDB) teve um dezembro negativo: determinou uma onda de fase vermelha na lógica do isolamento social, foi para Miami com a família, voltou imediatamente depois, quando descobriu que seu vice estava com covid-19, pediu desculpas e teve que se deparar com resultados aquém do esperado na eficácia da vacina chinesa – aposta do governo paulista
Em suas férias pelo litoral de São Paulo, o presidente cria sucessivas situações de aglomeração e tumulto, e busca minimizar os efeitos da pandemia em um instante em que a nação volta a registrar aumento do número de diagnósticos e mortes associados ao que se convencionou chamar de “segunda onda” do vírus.
Prefeitos(as) tomam posse pelo Brasil reconhecendo cenário de dificuldade fiscal nas cidades, quadro preocupante de aumento da pandemia e desafios expressivos.
PIB
Projeção para o PIB de 2020 é de uma retração de 4,5%. A queda considera os impactos do avanço do coronavírus e uma paralisação parcial que se estende durante o terceiro trimestre.
A Pesquisa Industrial Mensal de novembro registrou alta de 1,2% na margem, depois de registrar crescimento de 1,1% outubro na mesma comparação.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em dezembro teve queda de
3,9%, em termos dessazonalizados. Na contramão, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) cresceu 1,6%, situando–se em patamar superior ao pré crise. O resultado ainda deve ser visto com cautela, considerando as grandes incerteza que cercam o ambiente doméstico.
PIB Regional
O resultado do PIB regional na média móvel trimestral dessazonalizada terminada em out/2020, trouxe resultados positivos para 25 unidades federativas, ao mesmo tempo que houve avanço generalizado para as regiões.
Pela ponta mais positiva, S (8,2%) foi o destaque.
O setor de Serviços foi o principal vetor que conduziu o resultado de todas as regiões. Conduzidos pelo setor, também cresceram SE e NE (ambos com 7%).
As regiões N (5,0%) e CO(4,4%) registraram as taxas mais moderadas.
No crescimento acumulado em 12 meses até out/2020, 5 UFs apresentaram resultado positivo.
Mercado de Trabalho
Segundo a PNAD contínua , do IBGE, a taxa de desocupação (14,3%) no trimestre móvel encerrado em outubro interrompe dois recordes seguidos de crescimento na série histórica iniciada em 2012.
A população ocupada teve expansão de 2,8% em relação ao trimestre encerrado em julho.
O Caged de novembro acusou criação líquida de 441,5 mil vagas (403,9 mil vagas na série dessazonalizada). O número representa uma aceleração em relação ao resultado de outubro, quando houve criação líquida de 389,5 mil vagas (364,7 mil vagas na série dessazonalizada).
Inflação
O IPCA de dezembro trouxe inflação de 1,35%.
No acumulado em 2020, a inflação foi de 4,52%.
O grupo que exerceu maior pressão positiva sobre o índice foi Habitação (2,88%) com impacto de 0,45 pontos percentuais.
O IGP-M de dezembro registrou alta de 0,96%, ante 3,28% no mês anterior.
O principal condicionante do resultado foi a variação do IPAM, componente de maior peso, que saiu de 4,26% em novembro para 0,90% neste mês.
Política Monetária
Na reunião de janeiro, o Copom manteve a Selic em 2,00%
O comitê ressalta que a indicadores referentes ao final do ano passado tem surpreendido positivamente, mas não contemplam os possíveis efeitos do recente aumento no número de casos de Covid-19. Prospectivamente, incerteza permanece.
O Copom avalia que as condições para a manutenção do forward guidance deixaram de ser satisfeitas, já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária. Como consequência, o forward guidance deixa de existir.
Política Fiscal
A arrecadação tributária e previdenciária de novembro trouxe alta surpreendente na comparação com o mesmo mês do ano passado, possivelmente refletindo parte do represamento de arrecadação dos meses anteriores.
O resultado primário do Governo Central em novembro foi negativo em R$ 18,2 bilhões, já indicando uma menor deterioração em função da pandemia.
O resultado do setor público consolidado, da mesma forma, foi pouco pior que o de novembro/19, apontando para um déficit acumulado em 12 meses, como proporção do PIB, de 8,9%, ante 1,2% no acumulado até novembro de 2019
Contexto de crise provocado pela pandemia relega arrecadação ao segundo plano, uma vez que desafio esteve em aumentar dispêndio para evitar queda mais aguda da atividade econômica.
Taxa de Câmbio
Dólar se apreciou globalmente, de início, por força de movimento de aversão a risco, algo que esteve relacionado, inicialmente, às incertezas acerca dos efeitos da pandemia de coronavírus sobre a atividade econômica global, em movimento de flight-to-quality. Nas últimas semanas, porém, novos riscos fiscais no cenário doméstico explicam o real depreciado.
Continuamos a enxergar dificuldades em aprovar novas reformas, em especial a tributária, algo que certamente limita o potencial de recuperação do real.
No curto prazo, o Banco Central continua atuando no combate à volatilidade, tanto no mercado futuro quanto no spot.
Fonte: 4E
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