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RELATÓRIOS E ARTIGOS ECONÔMICOS

4E RADAR DEZ/2021

Cenário Internacional

EUA – O PIB norte-americano teve alta 0,5% no terceiro trimestre do ano, na série livre de influências sazonais.

A desaceleração foi motivada por uma queda no consumo pessoal, que cresceu apenas 1,6% depois de avançar, na esteira da recuperação, 12,0% no segundo trimestre e 11,4% no primeiro.

UE – No terceiro trimestre, a economia da União Europeia cresceu 2,2% segundo o Eurostat – série dessazonalizada.

Mesmo retornando ao patamar pré-pandemia, indicadores antecedentes sugerem arrefecimento da atividade, liderada pelo setor manufatureiro.

Cenário Político

Bolsonaro e 2022

Presidente volta a atacar questões associadas ao que chama de “defesa da liberdade de expressão”. Com dificuldades nas pesquisas eleitorais e de popularidade, Bolsonaro volta a sinalizar fortemente para seus seguidores mais próximos. Sobe o tom novamente contra o STF em relação a prisões e tentativas de punição àqueles que atacam as instituições, dizendo que limites nas atuações dos poderes são essenciais. Ademais, ataca mais um pedido de impeachment protocolado na Câmara, dessa vez pelo jurista Miguel Realle Jr e senadores da CPI do Covid. Bolsonaro ironizou Renan Calheiros (MDBAL) e Omar Aziz (PSD-AM).

Bolsonaro volta a insistir na ideia de que funcionalismo público deve ter reajuste no ano que vem. Recurso não cabe no orçamento de acordo com parlamentares. Ainda assim, presidente insiste. O discurso de cunho mais populista e pouco afeito a limites não se restringe ao Planalto. Lula voltou a atacar questão do teto de gastos.

Sergio Moro (Podemos) se mantém na tentativa de ser o nome mais importante da terceira via. Ao longo dos últimos dias não faltaram balões de ensaio sobre sua candidatura. Boatos dão conta de que ele poderia ser vice de João Dória (PSDB), vencedor das prévias tucanas. Ao mesmo tempo, Luciano Bivar (UBR – ex-presidente do PSL e deputado federal pernambucano) se apresenta como possível vice do ex-juiz. Indefinições desse tipo, nesse instante, são esperadas.

Na pesquisa Ipec finalizada em 13 de dezembro, em cenário mais amplo Lula aparece com 48%, Bolsonaro tem 21 pontos, Moro 6, Ciro 5, Janones (Avante) 2%, empatado com Dória (PSDB). Em um segundo cenário, mais restrito, o petista tem 49%, o atual presidente 22%, Moro 8, Ciro 5 e Dória 3. O levantamento trouxe aspectos de avaliação governamental destacados em material específico dessa semana.

PIB

A projeção da 4E para o PIB de 2021 foi revisada, indo de 4,5% para 4,3%. Dados recentes vem sinalizando perda de tração no setor de serviços e manutenção do quadro desafiador que a indústria vem enfrentando.

A produção industrial de outubro recuou 0,6% na comparação com setembro (-0,6%) na série livre de influências sazonais. Prospectivamente, a combinação de desorganização nas cadeias produtivas globais e perda de poder de compra das famílias deve seguir limitando a capacidade de recuperação do setor.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu pelo quarto mês consecutivo, terminando novembro em 102,1 pontos na série com ajuste sazonal. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 1,4 pontos no mesmo período, alcançando 74,9 pontos – também para os valores livres de influências sazonais.

PIB Regional

O resultado do PIB Regional no trimestre móvel terminado em agosto, considerando a série dessazonalizada, trouxe destaques positivos para 10 UFs.

A principal justificativa para esse resultado no período foi a queda do desempenho da agropecuária (8,8%) e da indústria (1,1%).

O Nordeste (1,2%) foi a única região que apresentou crescimento, tendo sido impactado positivamente pelo desempenho dos serviços (1,9%) e da indústria (1,3%).

A região Centro-Oeste (-2,0%) registrou o pior desempenho do período devido ao recuo mais intenso dos serviços (-2,6%), associado ao arrefecimento da atividade varejista.

Mercado de Trabalho

Segundo a PNAD contínua, a taxa de desemprego apresentou o quinto recuo consecutivo na série original, encerrando o terceiro trimestre do ano em 12,6%, queda de 1,6 p.p. frente ao trimestre anterior (14,2%).

Acreditamos que a taxa de desemprego deve seguir encolhendo nos próximos meses, refletindo a contenção da pandemia no Brasil. Todavia, julgamos que à deterioração das expectativas em relação ao panorama fiscal e inflacionário de 2022 inclinam-se a deprimir a confiança do empresariado, e consequentemente, restringir a criação de novas vagas de trabalho no ano que vem.

Dados do Caged de outubro indicam a criação e 253 mil vagas de emprego (232 mil na série dessazonalizada), marcando o décimo mês consecutivo de avanço do estoque de empregos. O destaque, novamente, é o setor de serviços, que segue apresentando bons resultados desde meados do ano.

Inflação

O IPCA acelerou 0,95% em novembro, maior taxa para o período desde 2015. No acumulado em 12 meses, o índice permaneceu com dois dígitos, e alcançou 10,74%.

No curto prazo, acreditamos que o IPCA deve seguir carregado, mas em menor intensidade do que o verificado entre agosto e novembro. No médio, a regularização das chuvas conjugada a normalização no preço de commodities devem levar a desaceleração do indicador.

O IGP-M apresentou estabilidade (0,02%) em novembro após avançar 0,64% no mês anterior.

Acreditamos que a desaceleração do IGP-M não altera o cenário curto prazista de pressão inflacionária, visto que o resultado de novembro espelha sobretudo a atenuação nos preços das commodities, em particular do minério de ferro – que corresponde a 10,9% do IPA-M.

Política Monetária

Em sua reunião de dezembro, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros para 9,25% ao ano.

Prospectivamente, BC sinalizou uma alta de 1,5 p.p. na próxima reunião e juros acima do neutro ao final do ciclo.

Em seu comunicado, o Banco Central destacou riscos para ambos os lados em seu cenário prospectivo: De um, reversão da alta de preço de commodities, mesmo que parcial. Do outro, piora na trajetória fiscal como resposta a pandemia ou frustração nas reformas pode pressionar prêmio de risco.

Ao final de 2022, trabalhamos com o início de flexibilização, num contexto de inflação e projeções ancoradas com as metas, mas com incertezas fiscais pesando negativamente. Assim, a Selic deve encerrar 2022 em 11,75% a.a.

Política Fiscal

Em outubro, o setor público consolidado reportou um superávit primário de R$ 35,3 bilhões, ante um saldo positivo de R$ 13 bilhões em setembro e de R$ 3,2 bilhões no mesmo período de 2020.

A dívida líquida do setor público em relação ao PIB deslizou levemente e fechou o mês em 57,6%, valor equivalente a R$ 4,8 trilhões. Já a dívida bruta do governo geral, alcançou R$ 7 trilhões em outubro, encerrando o período em 82,9% do PIB.

Paralelamente, cenário macro nebula bons resultados das contas públicas. Embora inflação deva continuar favorecendo arrecadação, preços elevados comprometem renda das famílias e adiam decisões de consumo em um momento em que atividade interna enfraquecida se alia a perspectivas de crescimento moroso em 2022. No Congresso, deve avançar para o plenário do Senado projeto de emenda à constituição que corrói a principal âncora fiscal do governo federal em troca de um módico espaço no orçamento em 2022.

Taxa de Câmbio

Nos últimos meses, dólar devolveu parte da apreciação, em movimento que não atingiu o Brasil por conta da turbulência política, incerteza do reequilíbrio fiscal e juros baixos.

Real até chegou a se valorizar no momento seguinte, com recomposição dos juros, aprovação do orçamento e termos de troca muito favoráveis, mas movimento voltou a se reverter com piora fiscal.

Movimentos políticos recentes que colocam em cheque o arcabouço fiscal vigente dificultam o movimento de apreciação do Real, de forma que a taxa de câmbio deve encerrar o ano em R$ 5,65.

Continuamos a enxergar dificuldades na aprovação de novas reformas, algo que certamente limita o potencial de recuperação do Real.

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: 4E Consultoria

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