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Tom duro do Fed leva bancos a apostarem em até sete altas de juros nos EUA em 2022

O Federal Reserve (Fed, o banco central os Estados Unidos) pode realizar até sete altas de juros durante o ano de 2022, na visão atual de grandes bancos e gestoras, como resultado do tom mais duro (“hawkish”) adotado em sua decisão de política monetária da semana passada.

As instituições vêm mudando suas expectativas de ajuste nos juros após a sinalização de que os juros podem subir mais do que as três vezes esperadas pelo banco central americano em dezembro, em função da persistência da inflação em patamar elevado.

Há menos de um mês, a expectativa da maioria das casas era de que ocorreriam apenas três avanços nos juros neste ano, em linha com o Fed. Mas esta aposta está sendo abandonada. Já é certo para os bancos que a primeira alta será feita na próxima reunião, em março, e que pelo menos três altas consecutivas virão depois, diante de uma sinalização de que os preços podem manter a rigidez por mais tempo.

O Bank of America (BofA) e o Citi são alguns dos bancos que passaram a prever até sete altas em 2022, levando a meta para a taxa de juros para o intervalo de 2,25% a 3,0%.

Se a expectativa se concretizar, o Fed irá subir os juros em todas as reuniões realizadas este ano a partir de março. O BofA também elevou a expectativa do núcleo da inflação (PCE) de 2,6% para 3% no quarto trimestre e reduziu a expectativa de crescimento do PIB americano de 4% para 3,6% em 2022. “A alta de juros deve afetar o crescimento da economia também em 2023”, diz o banco em relatório.

O Citi está entre as casas que projetam cinco altas para este ano (em março, maio, junho, setembro e dezembro), ante quatro anteriormente. Contudo, o banco alerta que as altas poderão chegar a sete dependendo do comportamento do núcleo da inflação, mesma posição do J.P. Morgan, segundo disse seu presidente, Jamie Dimon, em entrevista recente.

“Os comentários de Powell [presidente do Fed] sugerem que o padrão de altas trimestrais utilizados no ciclo de alta de juros anterior não será o exemplo para o atual ciclo”, diz relatório assinado pelo economista-chefe do Citi, Andrew Hollenhorst. Entretanto, “os riscos são da inflação permanecer elevada – devido a continuidade de gargalos na cadeia de abastecimento e dos preços de serviços serem puxados pelo mercado de trabalho forte – o que pode levar o Fed para uma política mais agressiva”.

Neste grupo, também está o Wells Fargo, que da mesma forma passou a considerar cinco altas de juros, todas de 0,25 ponto percentual, ante quatro anteriormente. Para o banco, Powell deixou claro que a economia americana se encontra hoje em uma posição muito diferente do que se encontrava no início do último ciclo de alta de dezembro de 2015 e que um aperto monetário mais rápido do que no passado. O banco também espera uma alta de mais 0,75 ponto percentual ao longo de 2023.

Já o Goldman Sachs, em relatório assinado pelo economista-chefe Jan Hatziustambém, diz que o Fed irá elevar os juros em março e maio e anunciar o início da redução do balanço patrimonial em junho para depois voltar a elevar os juros em julho e setembro. A partir daí, o banco central americano deve subir o juro trimestralmente, para terminar o ano com uma taxa entre 1,25% e 1,50%. Para 2023, a expectativa é de realização de três altas, encerrando entre 2,5% e 2,75% em 2024.

Este cenário é parecido com o do J.P. Morgan, segundo o economista Michael Feroli. O banco está prevendo agora cinco altas de juros em 2022, e três em 2023. Segundo ele, os comentários feitos por Powell na coletiva foram feitos para dissuadir o mercado da expectativa de altas trimestrais e que apertos mais intensos são possíveis.

Fonte: Valor Investe

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