IPCA-15, prévia da inflação, é o maior para fevereiro em seis anos
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) ficou em 0,99% em fevereiro, após alta de 0,58% em janeiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro de 2021, o IPCA-15 teve variação de 0,48%. A alta é a maior para um mês de fevereiro desde 2016 (1,42%).
O resultado ficou acima das 37 projeções de analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, que estimavam alta de 0,87% em fevereiro e também fora do intervalo das estimativas, que era de 0,77% a 0,96%.
No resultado acumulado em 12 meses, o IPCA-15 ficou em 10,76% em fevereiro, ante 10,20% no número registrado até janeiro, também em 12 meses. É o maior resultado acumulado em 12 meses desde fevereiro de 2016 (10,84%). Em novembro de 2021, o acumulado em 12 meses tinha ficado em 10,73%. O resultado ficou acima da mediana das estimativas do Valor Data, que era de 10,63%. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central para 2022 é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.
O IPCA-15 é uma prévia do IPCA, calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos, abrangendo nove regiões metropolitanas, além de Brasília e do município de Goiânia. A diferença em relação ao IPCA está no período de coleta e na abrangência geográfica.
Preços de educação respondem por quase um terço da alta
Os preços do grupo educação subiram 5,64% e responderam por quase um terço (32,3%) da altaIPCA-15 do mês de fevereiro. Os preços responderam por 0,28 ponto percentual da taxa de 0,99%.
A inflação de fevereiro é tradicionalmente mais afetada pelos gastos desse grupo, por causa dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo. A alta de 5,64% de fevereiro de 2022, no entanto, foi bem superior à de 2,39% de igual mês de 2021. Naquele período, o IPCA-15 como um todo subiu 0,48%.
Segundo o IBGE, o maior impacto veio da alta dos cursos regulares (6,69%), que representou 0,28 ponto percentual do IPCA-15 de 0,99%. As maiores variações vieram do ensino fundamental (8,03%), da pré-escola (7,55%), do ensino médio (7,46%), da creche (6,47%) e do ensino superior (5,90%). Curso técnico e pós-graduação subiram 4,40% e 2,93%, respectivamente.
Alimentação e bebidas
A alta dos preços de alimentos e bebidas acelerou de 0,97% em janeiro para 1,20% em fevereiro. Em doze meses, o aumento chega a 8,77%.
O grupo foi o segundo de maior influência para a inflação medida pelo IPCA-15 em fevereiro, atrás apenas dos gastos de educação. Os alimentos e bebidas tiveram impacto de 0,25 ponto percentual na taxa de 0,99%, ou seja, responderam por um quarto (25,25%) da variação.
Neste mês, a maior influência veio da alimentação no domicílio, cuja alta acelerou de 1,03% em janeiro para 1,49% em fevereiro. Por outro lado, a alimentação fora do domicílio avançou 0,45%, o que aponta desaceleração frente a janeiro (0,81%.
Dentro da alimentação no domicílio, as maiores influências para a alta vieram de cenoura (49,31%), da batata-inglesa (20,15%), do café moído (2,71%), das frutas (1,75%) e das carnes (1,11%). Por outro lado, houve queda nos preços do frango inteiro (-1,97%), arroz (-1,60%) e do frango em pedaços (-1,31%), cujos preços já haviam recuado no mês anterior (-0,48%, -2,99% e -0,25%, respectivamente).
Já na alimentação fora do domicílio, tanto a refeição (0,57%) como o lanche (0,09%) registraram resultado inferior ao verificado no mês anterior (0,63% e 1,25%, respectivamente). Considerando as onze regiões pesquisadas pelo IBGE, a maior alta no preço de alimentos no resultado acumulado em 12 meses foi em Salvador (11,57%), enquanto a menor foi em Porto Alegre (6,89%).
Fonte: Valor Investe