Investimentos em títulos privados de renda fixa crescem 59% em um ano, aponta B3
Os títulos de renda fixa de crédito privado, que são aqueles emitidos por empresas e não pelo Tesouro Direto, estão em alta, de acordo com informações da bolsa de valores, B3.
Na comparação entre o terceiro trimestre deste ano e o mesmo período de 2021, o volume investido nesses papéis registrados na bolsa cresceu 59%, chegando a R$ 1,2 trilhão. Isso inclui debêntures, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e notas comerciais.
Também houve uma movimentação maior no mercado secundário, que é onde ocorrem as negociações entre investidores de papéis já emitidos, não necessariamente novos. De acordo com a bolsa, o volume cresceu 37% no trimestre em relação ao ano passado.
O movimento de maior procura por títulos de renda fixa é esperado em cenários como o que vivemos, com juros básicos altos, acima dos dois dígitos. Com a Selic a 13,75% ao ano, como está atualmente, os investidores recorrem ao crédito privado para buscar bons retornos, acima daqueles dos títulos públicos, que oferecem mais previsibilidade e menos risco que em produtos de renda variável. Na outra ponta, as empresas veem uma chance de captar recursos emitindo mais títulos de dívida. Ou seja, a oferta de produtos também cresce.
“Em um cenário de taxas de juros mais altas, os investidores passam a diversificar mais as suas carteiras, procurando rentabilidade nos títulos de renda fixa. Com isso, as empresas que utilizam o mercado para captarem recursos por meio dos títulos de dívidas corporativas têm a oportunidade de emitir mais títulos e atrair mais investidores”, afirma, em nota, Fábio Zenaro, diretor de Produtos de Balcão e Novos Negócios da B3.
O grande destaque foram para as debêntures, que são títulos de dívida emitidos por empresas. O volume de investimentos destes produtos alcançaram a cifra de R$ 996,9 bilhões no último trimestre, um aumento de 59% em relação aos R$ 626,5 bilhões do ano passado e um incremento de 18% em comparação ao segundo trimestre deste ano.
Também no mercado secundário, as debêntures foram protagonistas, com aumento de negociação de 37%, atingindo uma média diária de R$ 1,5 bilhão em compras e vendas.
Papel menos conhecido e pouco difundido entre investidores de varejo, as notas comerciais também viram um salto de R$ 112% no volume aportado. Assim, o estoque mais que dobrou, atingindo R$ 65,4 bilhões.
CRIs e CRAs
Ainda segundo a bolsa, o volume de investimento CRIs alcançou R$ 135 bilhões no terceiro trimestre do ano, alta de 42% se comparado ao mesmo período de 2021. O estoque de CRAs cresceu 57%, indo para R$ 95,6 bilhões. Também houve um salto na comparação com o semestre anterior, de 18% em CRIs e 25% em CRAs.
No mercado secundário, o crescimento dos CRIs foi de 49% em comparação ao mesmo trimestre do ano passado, com negociação média acima de R$300 milhões por dia.
Tanto os CRIs como os CRAs são investimentos emitidos por securitizadoras, diferentemente das debêntures, que são emitidos pelas próprias empresas. Os CRIs e CRAs têm isenção de imposto de renda, assim como as debêntures do tipo ‘incentivadas’, normalmente do setor de infraestrutura (como rodovias e energia).
Apesar de serem títulos de renda fixa, todos esses papéis oferecem risco, inclusive de perda total do investimento, quando ocorre calote. Por isso, é importante que o investidor fique atento à reputação do emissor e as notas de risco do investimento.
By: Isabel Filgueiras
Fonte: Valor Investe