Investimento em CDBs dispara enquanto poupança e fundos têm resgates de R$ 265 bi
Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) estão com a bola toda. Os brasileiros investiram R$ 231 bilhões nesses produtos de emissão bancária em 2022, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O montante é pouco menor que o valor de tudo que foi retirado da poupança e dos fundos de investimentos. Juntos, esses resgates somaram R$ 265 bilhões. Ao longo do ano, houve uma inversão nos aportes, e os CBDs passaram a ganhar cada vez mais espaço nas carteiras.
Com a elevação da taxa Selic para 13,75% ao ano, os CDBs têm sido uma alternativa mais rentável à poupança e que, assim como a caderneta, possuem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre até R$ 250 mil em investimentos por CPF, caso a instituição emissora quebre ou não possa honrar o compromisso.
Na prática, os papéis são dívidas bancárias, ou seja, como se o investidor estivesse emprestando dinheiro para o banco por uma taxa de juros. Há risco de crédito, que é quando a instituição dá o calote no credor. Mas ele é mitigado pelo FGC.
Na briga pela atenção dos investidores e abertura de novas contas, diversas instituições passaram a oferecer taxas bastante atrativas nos CDBs, de até 220% do CDI, quase cinco vezes mais que a poupança. Mas essas taxas muito atrativas, em geral, são apenas ações de marketing, com os produtos tendo prazos curtíssimos, de dois ou três meses.
Para quem quer usar o produto como algo mais perene para reserva de emergência, aqueles que têm liquidez diária, retorno de 100% do CDI e prazo superior a dois anos são interessantes, por garantirem a menor alíquota de IR, de 15% sobre o rendimento.
Já se o objetivo for rentabilidade, existem CDBs de prazos maiores, sem liquidez, e que pagam um pouco a mais do que papéis do Tesouro Direito com mesmo prazo e regra de remuneração.
“Os CDBs têm sido usado como ferramenta importante na captação de clientes. Quando utilizam um CDB, os bancos e corretoras já sabem quanto vão gastar. Junto a isso, vemos um investidor incomodado na poupança e o CDB é uma ferramenta simples pra ele ver como funciona e com melhor rentabilidade”, afirma o analista da Rico, Antônio Sanches.
Sem (ver as) oscilações no caminho
Diferentemente dos fundos de investimento e de papéis do Tesouro Direto, os CDBs não apresentam marcação a mercado. Em vez disso, são marcados na curva, que é quando a aplicação se valoriza num ritmo paulatino (sempre para cima) conforme a taxa contratada no início.
Esse modelo é previsível e mais fácil de entender, mas se distancia do valor a que o cliente conseguiria obter se tivesse que resgatar a aplicação antes do vencimento, além de não refletir um eventual risco de inadimplência, que pode mudar a partir do dia que o investidor faz a aplicação.
Na marcação a mercado, que agora também é apresentada em títulos como debêntures, o valor aplicado oscila tanto para cima como para baixo, a depender do humor do mercado e da variação do cenário econômico. Quando as taxas de juros de mercado sobem, o preço dos títulos cai, e vice-versa. Este modelo mensura a aplicação pelo valor que o investidor teria se fosse resgatá-la naquele dia.
O fato de não ver oscilações no investimento também pode contar mental e emocionalmente a favor desses dos CDBs. Por mais que seja um tanto quanto ilusório, o investidor compara seus investimentos em fundos e em CBDs e vê apenas as cotas dos fundos com perdas temporárias. Enquanto os CDBs parecem estar sempre valendo mais e mais.
Além disso, vale destacar que os CDBs têm sido produtos que contam com bastante marketing na distribuição. Ao contrário de fundos e da poupança. As promoções aparecem como propaganda em redes sociais e buscadores. Assessores de investimentos também podem ter uma parcela de responsabilidade na popularização desses títulos bancários, recomendando-os sobretudo para quem deseja formar uma reserva de emergêcia e sair da poupança.
Fonte: Valor Investe
Por: Isabel Filgueiras