ESG deve ter fatia maior de investimento em 2022, dizem especialistas
Os investimentos em tecnologia e nas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) devem ganhar mais espaço no orçamento das empresas em 2022. Setores como o químico e óleo e gás devem dar mais atenção a esses tópicos.
O sócio-líder do segmento químico da KPMG, Valter Shimidu, avalia que a química será um fator chave nas diversas iniciativas ESG por “alimentar” as demais indústrias.
“A indústria química fornece insumos para outros setores. Qualquer expansão ou melhora das indústrias automobilística e farmacêutica, por exemplo, reflete na química. Cada vez mais, esses segmentos irão investir nas práticas ESG”, reforça.
Segundo ele, a indústria química brasileira planeja depender menos do petróleo na produção de plástico e procura alternativas que tenham menos impacto ambiental. Em meio à uma demanda alta por plástico, a adoção de práticas ambientais tende a ter um efeito em cadeia, passando também pelo agronegócio do país.
Shimidu acrescenta que cerca de 95% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira são importados. Com isso, o governo federal discute incentivos para aumentar a produção local desses insumos por meio do projeto de Lei da Indústria de Fertilizantes.
“A indústria química terá papel chave na pesquisa e evolução. E essa produção [de fertilizantes] passa pelo ESG”, diz.
Segundo a KPMG, as perspectivas para a indústria química são promissoras para este ano, após o setor dar um salto de desenvolvimento e de faturamento durante a pandemia de covid-19.
Apesar do investimento do setor nos últimos meses de enfrentamento ao coronavírus, principalmente, em meio à alta demanda, o sócio da KPMG chama a atenção para o déficit recorde na balança comercial brasileira, com forte importação diante da demanda local.
A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) estima que, de janeiro a novembro de 2021, o déficit dos produtos químicos alcançou US$ 42,2 bilhões, 51,4% acima do registrado no mesmo período de 2020.
O executivo da consultoria acredita que neste ano a indústria química terá mais oportunidades em abranger a atuação no mercado doméstico, diante da demanda. Segundo ele, a eventual expansão da capacidade de produção do setor será a chave para equilibrar a balança comercial dos produtos químicos.
O economista-chefe da Deloitte, Giovanni Cordeiro, observa que as empresas estão mapeando onde podem rever os investimentos em ESG. “Seja com a busca por um novo parceiro [de negócios], atualização do parque fabril para reduzir emissões, o ESG está no radar”, reitera.
Óleo e gás
Além do ESG, a tecnologia ganha mais espaço em diferentes frentes e setores, como o de óleo e gás, que deverá atrair movimentações como aquelas que dizem respeito à redução de emissões poluentes.
O sócio-líder de óleo e gás da KPMG, Anderson Dutra, destaca que 2022 será de oportunidade para o aumento da eficiência operacional com o uso de análise de dados, inteligência artificial, entre outras ferramentas digitais. O que deverá refletir em novos modelos de negócio, ele diz.
Por outro lado, Dutra pondera que o ano eleitoral trará desafios ao setor, já que há expectativa de redução dos movimentos recentes de abertura de capital e de uma desaceleração no processo de desinvestimento da Petrobras.
“Existe receio de desvalorização da petrolífera com as campanhas, dado que alguns candidatos já estão se posicionando contra a venda dos ativos e a favor do controle de preços”, observa.
Fonte: Valor Investe