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Empresas ligadas a viagens perderam 21% de valor de mercado só nos primeiros 15 dias da guerra

Além da tragédia humanitária, a guerra na Ucrânia tem abalado a economia global. Um dos setores bastante atingidos por essa crise é o das atividades de viagens e turismo. E as consequências já alcançam as ações de importantes empresas brasileiras no mercado. As companhias aéreas Gol e Azul, e ainda a CVC, por exemplo, têm figurado nos últimos dias no ranking das maiores quedas do Ibovespa, principal índice da B3. Só nos primeiros 15 dias de ataques (entre 24 de fevereito e 10 de março), as três acumularam perdas de R$ 3,4 bilhões em valor de mercado, ou 21%.

O levantamento foi feito pelo executivo Marcelo Linhares, fundador e presidente da Onfly, startup de gestão digital de viagens. Linhares acompanha de perto os efeitos que crises e mesmo episódios pontuais têm sobre o setor de viagens e turismo. “Os impactos da guerra na Ucrânia ocorrem depois que o setor experimentava uma recuperação sólida, após os efeitos da pandemia de covid-19”, ressalta.

Os ataques da Rússia na Ucrânia começaram na madrugada do dia 24 de fevereiro. Àquela altura, o valor de mercado da AzulGol e CVC juntas era de R$ 16,83 bilhõesEm 8 de março – um dia depois de as três do setor de viagens e turismo terem sido, junto com a Petrobras, as principais responsáveis pela queda do Ibovespa na abertura da semana –, o valor de mercado delas baixaria a R$ 13,53 bilhões. “A guerra segue destruindo o valor de mercado de empresas do setor de turismo, no Brasil e no mundo. Os ativos relacionados ao setor estão ‘derretendo’ na bolsa de valores”, adverte Linhares.

O especialista destaca que esses efeitos ainda são mais preocupantes quando se analisa o caso da CVC. Isso porque ela vem sendo impactada por episódios sucessivos, recentes, que afetaram diretamente seus negócios. Em 2019, por exemplo, pela crise que culminou com o encerramento das operações no Brasil da companhia aérea Avianca. “CVC perdeu R$ 92 milhões de valor de mercado com a crise da Avianca”, relembra.

Ainda no mesmo ano, o surgimento de manchas de óleo no Nordeste fez diminuir a procura por pacotes para esse destino. “Na sequência, tivemos de 2019 para 2020 a disparada do dólar frente ao real. Ainda em 2020, em março, a pandemia de covid-19. E, agora, quando o ensaio era para uma estabilização, veio a guerra no Leste Europeu. Ou seja, uma série de eventos que têm prejudicado a companhia”, analisa o executivo, acrescentando que problemas internos também contribuíram para o agravamento da situação.

Já, às companhias aéreas, se soma outra sequela do conflito internacional: a alta na cotação do barril do petróleo. Essa elevação impacta no custo dos combustíveis, um dos principais insumos do setor de aviação. O encarecimento dos combustíveis leva a outras consequências, que depois se voltam também contra o setor de viagens e turismo. Por exemplo, a alta da inflação e o aumento nas taxas de juros. A inflação inibe o consumidor e os juros altos inviabilizam financiamentos, pontua Linhares.

Confira os dados:

CVC

  • Valor da ação em 24/02/2022: R$ 12,06
  • Valor da ação em 11/03/2022: R$ 11,13
  • Valor de mercado em 24/02/2022: R$ 2,81 bilhões
  • Perda: 11%
  • Valor de mercado em 11/03/2022: R$ 2,48 bilhões

Gol

  • Valor da ação em 24/02/2022: R$ 17,45
  • Valor da ação em 11/03/2022: R$ 14,01
  • Valor de mercado em 24/02/2022: R$ 5,4 bilhões
  • Perda: 19,71%
  • Valor de mercado em 11/03/2022: R$ 4,4 bilhões

Azul

  • Valor da ação em 24/02/2022: R$ 26,06
  • Valor da ação em 11/03/2022: R$ 20,05
  • Valor de mercado em 24/02/2022: R$ 8,62 bilhões
  • Perda: 23,06%
  • Valor de mercado em 11/03/2022: R$ 8,6 bilhões

CVC + Gol + Azul

  • Valor de mercado em 24/02/2022: R$ 16,83 bilhões
  • Valor de mercado em 11/03/2022: R$ 13,53 bilhões
  • Perda: R$ 3,4 bilhões (-21%)

 

Fonte: Valor Investe

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