Desistências de IPOs podem poupar pequeno investidor de fazer mau negócio
O alto número de desistências de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) em 2022, que chegou a 14 em apenas dois meses, é ruim para as companhias, mas pode ser bom para os pequenos investidores, conforme analistas. As suspensões evitam que as pessoas físicas corram o risco de comprar ações antes da estreia na bolsa por um preço caro e depois acompanhar os valores despencando.
“As desistências livram o investidor ganancioso que começou recentemente na renda variável, entrou na onda da bolsa se recuperando rapidamente após a pandemia iniciar e comprou ações sem senso crítico. As ofertas de ações prometem muito e é preciso tomar cuidado“, aconselha Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research.
“É do interesse das empresas que os investidores paguem caro. Então, é melhor ser seletivo e não sair investindo em todos os IPOs porque os papéis sobem depois. Não é sempre que isso acontece“, alerta.
Flavio Conde, responsável por renda variável na casa de análises Levante, lembra que são os gestores de fundos de investimentos que fazem o trabalho pelo pequeno investidor de estudar as ofertas de ações e avaliar os riscos. “As desistências são ótimas para as pessoas físicas, porque elas não correm riscos desnecessários“, afirma.
Se, por um lado, é bom para pequenos investidores ter um universo maior e mais diverso de companhias na bolsa para montar uma carteira de ações, por outro, se torna mais difícil escolher os papéis para comprar.
Essas empresas têm um risco bem maior do que as estabelecidas, de acordo com analistas, porque é mais difícil de conhecê-las. As companhias já listadas na bolsa tendem a ter mais histórico de informações e a se comunicar melhor com o mercado.
Os analistas indicam que pessoas físicas tomem cuidado com a euforia e com aquela sensação de que não podem ficar de fora e evitem participar de ofertas de ações sem fazer muita conta (ou seguir a conta de um especialista) para saber se o preço está justo.
Contudo, para quem está disposto a estudar as companhias com atenção, pode haver boas oportunidades. Empresas que estreiam na bolsa são como “small caps”, termo em inglês usado para se referir a ações de companhias consideradas menores quando comparadas às gigantes da bolsa.
Por estarem ingressando no mercado, essas empresas podem ter um futuro promissor pela frente, com alto potencial de crescimento e bom retorno para os acionistas. Muitas delas são inovadoras ou atuam em setores ainda não consolidados. E a vantagem de investir no IPO é a chance de conseguir um preço ainda mais barato pela ação.
As companhias abrem períodos de reserva para pequenos investidores comprarem os papéis antes da estreia na bolsa. Para fazer a reserva, basta o investidor avisar a corretora sobre quantos papéis gostaria de comprar na oferta e por qual preço.
Nos IPOs, as companhias e os bancos coordenadores estabelecem uma faixa indicativa de preço e testam. Se a venda acontecer no valor mais alto, significa que a demanda pelas ações foi grande. Já se for no valor mais baixo, houve menos interesse pelos papéis. Então, o preço da estreia na bolsa é fixado.
Fonte: Valor Investe