Demissões do Min. Economia passam ‘pior mensagem possível’ sobre teto de gastos, diz Márcio Garcia
As demissões do Ministério da Economia, nesta quinta-feira, indicam que o teto de gastos foi furado, afirma Márcio Garcia, economista da PUC/Rio. “[As saídas] indicam que chegou-se a um ponto em que o teto de gasto foi arrombado. Tanto é verdade que as pessoas que estão lá dentro [do ministério] e têm informações disseram: ‘Não dá mais’. Não há nada mais claro do que dizer ‘Isso é inadmissível. A maioria deles são funcionários de carreira e não quiseram manchar suas biografias com coisas que não deveriam ser feitas.”
Segundo Garcia, a saída do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo, e a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, passa a pior mensagem possível para o mercado, que nessa sexta-feira deve reagir mal às movimentações no Ministério da Economia.
“Quando se tem quatro saindo ao mesmo tempo, alguma coisa quer dizer”, afirma. “[A reação do mercado amanhã] deve ser ainda pior do que foi hoje [quinta-feira].”
O economista argumenta que quando o teto de gastos foi instituído, em 2016, a ideia era criar condições para uma evolução do gasto público coerente com o crescimento do país, “ao contrário do que ocorreu várias vezes em nossa história”. “Mas é como se eu quiser emagrecer. Tenho que comer menos, mas também ter um modo de vida mais saudável, fazer exercício físico e uma série de outras atividades que possam fortalecer o resultado final que quero”, compara. “Nada disso foi feito. Pelo contrário, tem-se andado na direção oposta.”