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Deflação no IGP-M não deve se repetir em outubro, diz FGV

A deflação de 0,64% no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) foi um movimento pontual pautado por quedas históricas no minério de ferro e que não deve se repetir em outubro. Daqui até o fim do ano, porém, a tendência é de desaceleração. Essa é a avaliação de André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre).

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que caiu 1,21% no mês, responde por 60% do IGP-M, e só o minério de ferro, que tombou 21,74% em setembro, tem peso de 10% no IPA, segundo Braz. “Essa queda foi histórica e acabou possibilitando que o IPA ficasse negativo”, diz.

O efeito de deflação sobre o IGP-M, no entanto, é pontual, afirma o economista. “Toda essa queda girou em torno do minério de ferro. Mas ela não deve se repetir em outubro, foi muito concentrada em setembro e começamos a ver recuperação do preço antes de o mês terminar”, diz ele. Braz lembra que, nas mínimas, o minério de ferro chegou a ficar abaixo de US$ 100 a tonelada, mas diz que agora já está indo para algo entre US5 105 e U$ 107. “Parte dessa queda vai ser devolvida no mês que vem”, adianta.

As dificuldades da construtora chinesa Evergrande ainda podem trazer alguma volatilidade ao preço do minério, reconhece, “mas eu diria que o preço deve se recuperar um pouco em relação às mínimas e, daí, o IGP-M de outubro não deve vir negativo”, afirma o economista.

Tirando a história do minério de ferro, a tendência do IPA e do IGP é de desaceleração ao longo do segundo semestre, diz Braz. “É muito difícil a gente registrar nesse período variações iguais às do ano passado.”

No segundo semestre de 2020, com preços internacionais de commodities em alta e desvalorização cambial mais forte no Brasil, o IGP-M subiu, em média, mais de 3% ao mês, lembra o economista.

Neste ano, essas pressões continuam, mas algumas commodities não registram elevações na mesma magnitude e o câmbio, ainda que oscile, também apresenta desvalorização menor, aponta Braz. Assim, para ele, o IGP-M deve fechar 2021 em torno de 20%, abaixo dos 23,14% do ano anterior.

Entre os produtos agropecuários, embora alguns estejam registrando desaceleração relevante no preço em dólar, como soja e trigo, no Brasil, a crise hídrica quebrou safras importantes, como de milho e cana de açúcar, diz Braz.

“Cana, café e animais que comem milho, como frango, estão em alta nesse momento e é um pouco a questão de crise hídrica atrapalhando a agricultura. Mas não é um efeito tão espalhado”, afirma.

No sentido contrário do IPA, para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que subiu 1,19% em setembro, Braz “só vê alta”, pelo contágio do encarecimento da energia nos serviços e na produção industrial, além dos alimentos que pressionam a cesta básica.

O aumento recente no diesel anunciado pela Petrobras será uma fonte de pressão inflacionária para o IPA, mas seu potencial de espalhamento para a economia é grande, diz Braz.

“O diesel movimenta frota de caminhões no país, é fonte de geração de energia em termoelétricas, é o principal combustível do ônibus urbano. Se ele sobe muito, tem potencial de contágio maior do que a gasolina, que é muito usada pelas famílias, mas acaba sendo cara para outras aplicações”, afirma.

Fonte: Valor Investe

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