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CVM vê oportunidades para ampliar o uso do Fiagro por meio de fundos patrimoniais

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) enxerga oportunidades para ampliar o uso dos Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) por meio de Fundos Patrimoniais.

“Vale trazer o Fiagro patrimonial para que o produtor consiga investir não como pessoa física, mas com uma equipe de gestão profissional trabalhando junto a ele. Isso traz transparência e o ajuda a administrar seu negócio por meio do Fiagro”, afirmou Bruno Gomes, superintendente de Sucuritização, Investimentos Estruturados e Agronegócio da CVM, na semana passada, durante participação na feira MercoAgro 2023. O evento também contou com as presenças de Flavia Palácios, coordenadora da nossa Comissão de Securitização; de Renato Buranello, presidente do IBDA (Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio); e de Christino Aureo, ex-deputado federal, relator da Lei do Fiagro, em 2021, e representante do IPA (Instituto Pensar Agropecuária).

A modalidade, também conhecida como endowement ou fundos filatrópicos, é formada por recursos doados por pessoas físicas ou jurídicas, que são investidos no mercado financeiro por um gestor profissional para que os rendimentos sejam direcionados para projetos para o bem comum ou relacionados a causas filantrópicas.

Gomes também reafirmou que a CVM segue trabalhando em uma regulamentação definitiva desses fundos, que, desde julho de 2021, funcionam com regras provisórias seguindo os moldes dos fundos imobiliários, dos FIPs (Fundo de Investimento em participação) e dos FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios).

Apesar da regulação experimental, o Fiagro já caiu no gosto do investidor. Flavia ressaltou que a modalidade foi a única que entregou resultados positivos no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2022. “Um produto novo foi o único a crescer em um semestre difícil, como foi o primeiro de 2023”, disse em referência às emissões da modalidade. Enquanto o volume geral de ofertas caiu 35,4%, o do Fiagro subiu 50,4% na mesma base de comparação. Para ela, os números mostram que há espaço para a modalidade crescer ainda mais e fomentar, por meio do mercado de capitais, a agroindústria.

Crédito simplificado

Aureo comentou que a criação dos Fiagros simplificou o investimento e financiamento do setor, mas que ainda há demanda represada. “Nosso setor tem quase 30% do PIB (Produto Interno Bruto) e só representamos 3% do mercado de capitais, com concentração em grandes empresas listadas em bolsa. A criação do Fiagro veio para simplificar”. O Plano Safra, diz o ex-deputado, consegue atender um terço da demanda por crédito do setor, mas é necessário buscar novas fontes de financiamento.

Na mesma linha, Buranello, da IPA, comentou que o agro “precisa de recursos, com prazos maiores, juros menores e melhores condições para o produtor.  A gente tem que fazer essa roda girar”, disse em referência ao financiamento privado. Ele afirma que o agro perpassa todos os setores da economia, de forma direta e indiretamente, e discorda de que o mercado de capitais é complexo e distante. Segundo ele, embora haja outros tipos de financiamento para a agroindústria, faltava algo que “conectasse todos eles”.

“Os fundos fazem essa captação, de forma organizada, com gestão transparente e organizada e colocam os recursos no agronegócio por meio de recebíveis, imóveis e participações. A gente tem maturidade para dizer que é realidade”, afirmou.

Fonte: Anbima

 

 

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