Aversão ao risco? Número de brasileiros na renda variável cresce 35% em um ano
Mesmo com a alta volatilidade no mercado de ações, o número de investidores pessoa física com ativos em renda variável na B3 cresceu 35% no 3º trimestre de 2022 contra o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da instituição. O ritmo de atração de investidores ficou 4 pontos percentuais acima do mercado da renda fixa, cujo crescimento foi de 31% em um ano. O número de investidores na bolsa brasileira saltou de 3,3 milhões para 4,6 milhões de setembro do ano passado para este ano. Mas a abertura à renda variável convive com a aversão ao risco no mercado brasileiro, e a figura do investidor de varejo puxou as apostas para um patamar mais baixo no último período.
Das 106 mil pessoas que estrearam em renda variável na B3 no mês de setembro, 31% fizeram o primeiro investimento com valores de até R$ 40 e, outras 29%, entre R$ 40 e R$ 200. No mercado de ações (com 3,3 milhões de investidores pessoas físicas no terceiro trimestre), o valor médio investido caiu pela metade, de R$ 6 mil em 2021 para R$ 3 mil neste ano.
Na leitura da B3, os dados reforçam que mais brasileiros estão dispostos a diversificar investimentos para obter ganhos maiores no longo prazo, o que provocou mudanças no perfil investidor da bolsa e nas configurações das carteiras. Neste ano, 1,5 milhão de investidores fizeram ao menos uma operação na B3 no mês.
O volume médio negociado por dia no mercado à vista de renda variável aumentou 18%, que representa um salto dos R$ 7,8 bilhões em setembro para R$ 9,2 bilhões no mês seguinte. As pessoas físicas já representam 16% desse volume na bolsa. Mas, em outubro, foi o desembarque de investidores estrangeiros na bolsa – com a sinalização da eleição de Lula – que alavancou as cifras desse mercado.
Nos últimos anos, outros produtos além das ações começaram a ganhar espaço nas carteiras. Segundo a B3, 33% dos investidores pessoa física estão alocados apenas em ações, mas 17% investem atualmente tanto em ações quanto em fundos imobiliários. Além disso, 14% optam por investir apenas em BDRs, e 10% estão alocados apenas em fundos imobiliários. Há seis anos, 75% desse grupo estavam investidos apenas em ações de empresas.
“O estudo mostrou, mais uma vez, que os investidores têm alocado seu dinheiro em diferentes classes de produtos, como renda fixa, ações, Tesouro Direto e fundos, como Fiagros, além de possuírem uma carteira de ações com um número maior de ativos. A diversificação é uma aliada de pessoas cada vez mais atentas ao movimento de “sobe e desce” do mercado financeiro, seja nos ativos mais conservadores ou nos de maior risco. Importante compartilharmos esses dados com os agentes financeiros, assessores e formadores de opinião para que complementem suas análises sobre essa transformação estrutural que temos vivenciado juntos no mercado”, destaca Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3, em comunicado à imprensa.
Mercado de renda fixa ainda é 3 vezes maior no Brasil
Historicamente o “país dos juros altos”, o mercado investidor brasileiro está bem alocado na renda fixa. Com os aumentos da taxa Selic – atualmente em 13,75% – pelo Banco Central (BC), a modalidade seguiu como o principal canal de investimentos no Brasil, apesar dos recentes avanços da renda variável. Mais de 12,6 milhões de investidores pessoa física estavam alocados em produtos de renda fixa até setembro deste ano. Tanto em volume de investidores quanto de investimentos, é um mercado com o triplo do tamanho da renda variável.
O montante sob custódia (a cargo de instituições que intermediam a compra e venda de ativos) em títulos de renda fixa na B3 dobrou em um ano, alcançando R$ 1,485 trilhão em outubro. No mesmo período, o volume de ativos de renda variável sob custódia chegou a R$ 504 bilhões.
Os CDBs (Certificado de Depósito Bancário) continuam sendo o produto de renda fixa com mais investidores: 9,3 milhões de pessoas físicas, com saldo de R$ 603,5 bilhões, um crescimento de 23% em nove meses. As LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio), alternativa isenta de Imposto de Renda para o investidor que colocou ativos do agronegócio em seu portfólio, se destacaram no período e foram o título com maior crescimento relativo no número de investidores desde o fim do ano passado: uma alta de 86%, chegando a 1,3 milhão de pessoas, com saldo total na casa de R$ 315 bilhões.
Chama atenção ainda o aumento das alocações no Tesouro Direto, cujo número de investidores somou mais de 2,1 milhões de CPFs no terceiro trimestre, alta de 25% contra o mesmo período do ano passado. Em outubro, estes títulos estiveram próximo de alcançar a marca histórica de R$ 100 bilhões sob custódia.
Fonte: Valor Investe
By: Beatriz Pacheco