Ata do Copom sinaliza para continuidade da moderação na queda dos juros
Moderação foi palavra-chave na ata do Copom referente à reunião da semana passada, que reduziu a Selic de 12,25% para 11,75%. A ata deixou claro que o Copom, de olho na inflação, continua , pelo menos por agora, apostando nos cortes de juros de meio ponto percentual por reunião.
“O Copom deixa absolutamente claro, pela menção reiterada, que não está confortável com o comportamento das expectativas de inflação, que se mantêm longe das metas”, afirma Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management e professor do Insper.
Caminho longo
Segundo a ata do Copom, o “Comitê percebe a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”. E, embora mencione um “progresso desinflacionário relevante”, o documento diz que “ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta”.
Entre os riscos de alta para inflação, a ata menciona a maior resiliência da inflação de serviço. Também cita o cenário externo. “O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária.”
Mas também traz notícias positivas do exterior: “Os dados mais recentes, ainda que incipientes, sugerem uma moderação de crescimento e um arrefecimento das pressões inflacionárias em alguns países, especialmente na parte de bens industriais e commodities energéticas”, diz a ata do Copom.
Confira abaixo os comentários de Olivares sobre o documento:
Cenário econômico
“O comitê avalia o cenário econômico que vem evoluindo conforme o esperado. Destaca que o cenário externo melhorou, mas continua volátil. Menciona que a atividade econômica doméstica tem desacelerado em linha com o que eles esperavam, e pontua que o comportamento da inflação corrente continua benigno.”
“Assim, o Comitê conclui que os avanços que temos observado estavam dentro do espectro de cenários que consideraram ao planejar o ciclo de cortes de juros iniciado em agosto.”
Desancoragem
“O mandato do Copom é para colocar a inflação na meta. Ponto. Sendo assim, ele tem que pautar sua estratégia de política monetária por esse objetivo. E o Comitê é consistente, pois têm alertado sobre essa desancoragem das expectativas há bastante tempo. “
“Por isso o Copom manifestou mais uma vez, com bastante clareza, que o ritmo de cortes de juros, e a própria extensão do ciclo de normalização monetária, estão pautados pelo desafio de entregar a inflação na meta, o que passa pela ancoragem das expectativas de inflação.”
Fonte: Capital Aberto
Por: Carin Petti
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