Alta de 1,5 ponto na Selic é grande em qualquer lugar do mundo, diz ex-presidente do BC
Ex-presidente do Banco Central e nomeado diretor para o Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Ilan Goldfajn afirmou que um aumento de juros de 1,5 ponto percentual na reunião desta quarta-feira (8) do Comitê de Política Monetária (Copom) é razoável.
“Um aperto de 150 pontos-base [1,5 ponto percentual] é grande em qualquer lugar do mundo, menos nos mercados brasileiros, onde estão todos muito ansiosos para a inflação ser controlada”, afirmou em painel no evento GZero Summit Latin America 2021.
Goldfajn disse que os bancos centrais devem sempre ser mais serenos do que o mercado financeiro.
Sobre a inflação, o ex-presidente do BC afirmou que há fatores endógenos e exógenos que levaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a dois dígitos no ano de 2021.
Também participante do painel, Shantall Tegho, diretora do Goldman Sachs, afirmou acreditar que, do lado do Federal Reserve, o banco central americano, a inflação deve ser controlada sem que a economia dos Estados Unidos passe por problemas de crescimento.
Já Shelly Shetty, co-chefe de ratings soberanos da Fitch na América Latina destacou que a inflação na América Latina tem muito mais componentes do que a dos EUA e, portanto, é mais difícil de ser combatida. “Há tendências comuns como os preços de combustíveis, mas há também fatores locais que levam a esse quadro”, disse.
Apesar disso, Shetty adiantou que a Fitch não tomará por enquanto nenhuma atitude de cortar rating na América Latina por conta da inflação.
De acordo com ela, o Brasil chama a atenção na região pela piora das perspectivas que havia no começo de 2021 para as que existem agora em meio a eleições e flexibilização de regras fiscais como a do teto de gastos. “Esperamos que o cenário econômico e fiscal seja muito mais desafiador em 2022.”
Tegho, do Goldman afirmou que os países latino-americanos não devem nutrir grandes expectativas acerca da China para impulsionar o crescimento. “Neste ano, fomos surpreendidos com pouca resposta das autoridades contra a desaceleração da economia. Continuamos a ver regulação mais apertada na internet, aumento na demanda por descarbonização e ventos contrários no setor imobiliário”, disse.
Fonte: Valor Investe