Troca de comando da Petrobras (PETR4): como ficam os dividendos?
Fonte: BPMoney
Por: Inara Almeida
ASPAS GABRIEL REDIVO
A demissão de Jean Paul Prates da Petrobras (PETR4) foi anunciada na noite de terça-feira (14), causando alvoroço no mercado. Embora aliados do governo tenham minimizado a decisão e afirmado que não foi uma surpresa, a saída de Prates trouxe incertezas, principalmente em relação à política de distribuição de dividendos.
De acordo com Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware, a chegada de Magda Chambriard na presidência da empresa carrega o risco de uma possível expansão de investimentos em projetos menos atrativos e de suspensão dos pagamentos.
Segundo o sócio da Aware, com base nas declarações do governo e no histórico de mandatos anteriores, há uma alta probabilidade de que haja mudanças na política de distribuição de dividendos no futuro.
“Vale ressaltar que a Petrobras tem um dos maiores CAPEX entre as empresas listadas em bolsa, sendo recordista mundial em substituição de CEOs em um curto espaço de tempo, tendo ocorrido 8 mudanças de CEO desde o governo Temer. Isso, sem dúvida, afeta a confiança dos investidores e a governança da empresa”, destacou Redivo.
Para Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, a mudança na liderança da companhia é sinônimo de instabilidade para os investidores.
“As políticas de Chambriard, sobretudo a de preços, são cruciais para a percepção de risco dos investidores. A mudança abrupta e motivada por pressões políticas pode impactar a confiança na governança. Como uma empresa importante do Brasil e para o Ibovespa, alterações na percepção de risco da Petrobras podem impactar o mercado”, ressaltou Murad.
A troca na liderança da Petrobas (PETR4) causou reação negativa no pré-mercado de Nova York. A ADR (American Depositary Receipt) da estatal registrava queda de 8,39%, às 8h40 (horário de Brasília), na manhã desta quarta (15).
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, a B3, iniciou o pregão desta quarta-feira (15) no vermelho, com o mercado repercutindo a retirada de Jean Paul Prates, do posto de presidente-executivo.
Na avaliação de Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, a motivação da troca de comando ainda é “nebulosa” mas, provavelmente, carrega o interesse de mais ingerência do presidente Lula (PT).
“Acredito que Lula espera alguma coisa a mais no âmbito social da Petrobas, maior investimento por parte da empresa, diminuição dos preços dos combustíveis, que quer a empresa menos voltada para o mercado, como em anos anteriores”, opinou Cunha.
Paulo destaca ainda que, em relação à distribuição dos dividendos, há uma contradição, visto que não se trata apenas de dar lucro aos acionistas, já que o governo também se utiliza dos recursos para pagar as próprias contas.
Em meio a um cenário macroeconômico desafiador, com a curva de juros subindo e um Copom “complicado”, Paulo Cunha destacou que a troca na presidência da Petrobras é mais uma péssima sinalização ao mercado. “Lula, com certeza, perde mais apoio no mercado financeiro”, afirmou.
Petrobras (PETR4) aprovou distribuição de 50% dos dividendos
Em assembléia realizada no dia 25 de abril, a Petrobras (PETR4) aprovou o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários, cerca de R$ 22 bilhões.
Anteriormente, em março, a companhia havia anunciado a retenção total dos dividendos, gerando insatisfação no mercado. O intuito, quando divulgado o movimento, era de reinvestir o valor na estatal.
A decisão sobre os outros 50% dos dividendos extraordinários, que seguem retidos, será pautada até o dia 31 de junho deste ano, de acordo com o “Broadcast”.
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