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Selic cai pela última vez no ano; saiba como seus investimentos são impactados

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir a taxa de juros básica do Brasil em 0,50 ponto percentual, levando a Selic a encerrar 2023 em 11,75%, levou os especialistas consultados pelo BP Money a afirmar que tanto os investimentos em renda variável quanto em renda fixa têm potencial para se aproveitar de um cenário global de controle da inflação e taxas de juros mais baixas, embora não atinjam patamares extremamente reduzidos.

A taxa Selic, conhecida como a taxa básica de juros da economia brasileira, tem a função de estabelecer o “preço” do dinheiro em circulação. “Quando os juros diminuem, os custos associados às transações de crédito tendem a ser reduzidos, incentivando a busca por crédito e, por consequência, impulsionando a atividade econômica”, explica Leandro Ormond, analista da Aware Investments

Para José Eduardo Machado, cofundador e CFO do Meu Imóvel, o corte na taxa básica de juros tende a incentivar a economia e incentivar  as empresas mais propensas a investir em projetos, “então acaba aquecendo a economia no futuro”.

“Os ativos de riscos tendem a se valorizar, os ativos vinculados a juros, os pré-fixados e vinculados ao IPCA tendem a subir também, porque tem a parcela de juros prefixados que valoriza quando os juros caem. Então tem ativos de risco ganhando força no cenário” analisa o especialista.

Iago Zandonadi,  sócio na SVN Investimentos em Cuiabá e assessor de investimentos, completa afirmando que . Essa taxa influencia diretamente o custo do crédito, “os rendimentos de investimentos em renda fixa e, consequentemente, o comportamento dos mercados financeiros”.

Renda variável e máxima histórica

Os especialistas explicam em resposta ao BP Money que o mercado de renda variável é um dos grandes beneficiários da queda da Selic. Isso porque as empresas listadas em bolsa, de forma geral, apresentam queda nas taxas de desconto dos papéis. O crédito pode ficar mais barato, e por consequência, investimentos em capital na própria empresa ficam mais acessíveis.

“Além disso, por ser uma medida econômica expansionista, a queda dos juros influencia diretamente o consumo, gerando ainda mais receita às empresas. Tudo isso gera uma valorização das empresas em bolsa que, em conjunto, elevam o índice da bolsa de valores brasileira. Isso explica o crescente desempenho do Ibovespa, que com o último corte da taxa de juros fechou o pregão no dia da decisão do BC em em 129.465”, disse Zandonadi destacando que tal pontuação foi uma das maiores altas da história.

No dia posterior, nesta quinta-feira (14), o Ibovespa, principal índice do mercado financeiro, iniciou a sessão com alta de 1% e rompeu os 131 mil pontos. O índice prosperou em patamares de máximas históricas, em pregão pós Super-Quarta com um resultado satisfatório para o mercado. Até o momento, o pico do dia ocorreu às 10h37 (horário de Brasília), quando o índice alcançou a casa dos 131.295 pontos. Tal patamar foi alcançado há dois anos atrás, quando em em junho de 2021 o Ibovespa registrou alta de 131.190 pontos.,

Títulos bancários

De acordo com os especialistas, os títulos bancários, como CDB, LCI e LCA, podem perder parte de sua atratividade com a diminuição da Selic. As condições variam entre instituições, sendo que emissores com menor classificação de crédito tendem a oferecer taxas mais elevadas.

Ormond ainda destaca: “mesmo com a proteção do FGC, é crucial realizar uma análise criteriosa na escolha desses ativos. O FGC oferece cobertura de até R$ 250.000,00 por CPF ou CNPJ para investimentos em CDB, LCI e LCA”.

“Esses títulos são de baixo risco, basicamente são indexados a Selic, então eles devem também ter uma redução na rentabilidade. Porém, ainda a Selic brasileira é muito atrativa, então é um investimento seguro e ainda deve ser bastante atrativo, eu particularmente vejo que não deve ter uma queda acentuada, eventualmente outros investimentos ali de riscos maiores começaram a ficar mais atrativos, mas isso vai depender de uma série de fatores muito ligados principalmente ao movimento econômico”, pondera Yvon Gaillard, economista e CEO da Dootax.

Títulos pré-fixados

“Nesse cenário, os ativos prefixados, principalmente para o longo prazo, já que é dada como certa a redução da Selic, já estão precificando boa parte dessa queda, por isso para curto prazo os mais atrativos são os pós-fixados atrelados ao CDI”, aponta Caio Canez de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.

De acordo com Gaillard os títulos pré-fixados, podem ser uma boa alternativa agora para algum investimento específico, dado o atual cenário de tendência da Selic.  “Quando a gente fala de Brasil, América Latina, há uma volatilidade, é um risco razoável de N variáveis fora do controle. Principalmente até globalmente a gente tem uns pontos geopolíticos sendo discutidos.  É um investimento que ativamente parece ser atrativo, mas devido a uma série de preocupações na América Latina, preocupações globais, é prudente ali calibrar bem esse investimento”, salienta.

Ativos de crédito

Quando a taxa Selic diminui, é comum observar um aumento no interesse por ativos de crédito. Esse movimento costuma ampliar o interesse dos bancos em oferecer empréstimos e das empresas em buscar crédito. Assim, é possível que esses ativos se tornem mais atrativos em 2024. No entanto, é crucial analisar cuidadosamente a base desses ativos e como eles são estruturados, mas há potencial para que sejam considerados títulos interessantes no próximo ano.

“Lembrando, é importante não colocar todos os ovos numa cesta só e o meu conselho é que mesmo a Selic estando baixando e numa tendência de baixa ali para 2024, com certeza os investimentos em renda fixa, por exemplo, CDBs, LCI, LCA ainda serão muito sólidos e vão Ilustrar uma boa rentabilidade comparado com os outros tipos de investimento. Então particularmente ainda são minha recomendação, porque são ativos que estão dando uma remuneração boa, vai girar provavelmente na casa de 9, 10%, ele tendo negociação de cada um ali junto com a sua instituição financeira por ano, e tem uma liquidez muito alta”, avalia Gaillard.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, avalia que para o investidor pessoa física, as incentivadas são as melhores escolhas. Como por exemplo LCI / LCA ou mesmo debêntures incentivadas. “A recomendação é escolher bem o emissor e não extrapolar o limite do FGC porque são produtos isentos e de baixo risco. Outro ponto é que eles geralmente pagam mais que outros investimentos como os CDBs e títulos públicos, por isso vejo mais vantagens”.

Cenário Externo

A manutenção das taxas de juros pelo Federal Reserve ganha um contexto crucial diante do cenário de crescente inflação nos Estados Unidos. O aumento dos índices de preços no país tem colocado pressão sobre a autoridade monetária, levando-a a manter as taxas em níveis mais altos como estratégia para gerenciar essa variável macroeconômica.

“Nesse cenário de manutenção de juros nos EUA, os investidores estrangeiros, em busca de oportunidades de retorno, podem redirecionar seus investimentos para economias emergentes, como o Brasil”, avaliou Zandonadi. Ele lembra que somente em novembro deste ano, o investidor estrangeiro gerou um fluxo de mais de R$ 30 bilhões na B3, “afinal a redução da Selic por aqui, além de buscar estimular a atividade econômica, pode ser percebida como um reflexo das condições de estímulo ao crescimento do país”.

O economista conclui que a preferência por países considerados mais arriscados evidencia o impacto das decisões de política monetária em um contexto global complexo, direcionando as estratégias de alocação de ativos dos investidores internacionais.

Fonte: Selic cai pela última vez no ano; saiba como seus investimentos são impactados – BP Money

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