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Ibovespa segue bolsas estrangeiras e avança com ajuda de Petrobras e bancos

Fonte: Valor Investe
Por: Isabel Filgueiras

ASPAS DE GABRIEL REDIVO

O avanço do minério de ferro e do petróleo foram ajudaram o Ibovespa a iniciar a semana em ritmo de alta. O impulso se firmou com o aumento nos preços de papéis de bancos, que também correspondem a uma boa fatia da carteira teórica.

  • Assim, o principal índice de ações da bolsa brasileira subiu 0,12%, aos 134. 737 pontos. No mês, a queda é de 0,93%. Mas no ano, o Ibovespa manteve leve alta de 0,41%.

 

 

  • O giro financeiro, que soma o volume de recursos nas negociações, foi baixo, alcançando apenas R$ 12 bilhões, ante a média diária de R$ 16,6 bilhões nos últimos 12 meses.

 

Da mesma forma que os investidores vendem papéis para auferir lucros após uma sequência de altas, eles também partem para as compras após uma série de quedas. Foi o que acontenceu nas bolsas de Nova York, da Europa e, em um grau mais moderado, também no Brasil.

“Tivemos uma última semana difícil para as bolsas, de saída de fluxo estrangeiro da bolsa brasileira, tentando diminuir risco. Essa semana começa agitada, com dados de inflação pelo mundo, inflação na China em 0,3% ao ano e risco real de deflação”, afirma Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital.

  • O dólar registou leve recuo ante o real, caindo 0,15%, negociado a R$ 5,58. No mês, a moeda acumla desvalorização de 0,90, mas segue com alta de 15% no ano.

 

A semana antecede a aguarda Superquarta, quando haverá decisões sobre a política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, no dia 18 de setembro. Até lá, os olhos do mercado estarão voltado para dados de inflação. Nesta terça, sai o índice oficial do Brasil, o IPCA referente a agosto. A expectativa é de que haja estabilidade frente ao resultado do IPCA-15.

Para 12 meses, a mediana das estimativas aponta desaceleração para 4,27%, vindo de 4,50% em julho e com projeções de 4,15% a 4,37%.

Também esta semana sairão os dados de inflação ao consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), na quarta-feira, e ao produtor, na quinta. Esses dados ajudarão os investidores a recalibrar suas apostas no tamanho do corte de juros aguardado para o dia 18.

Se vierem abaixo do consenso, a reação pode ser de aversão ao risco, por entender que o país se encaminha para um cenário de recessão. Deve haver ainda um crescimento na parte do mercado que vê uma redução mais agressiva, de 0,50 ponto em vez de 0,25.

“O que movimenta também a bolsa são os dados do Payroll (relatório de emprego) de sexta que vieram abaixo do esperado, de 164 mil novas vagas. Em vez disso, foram criados 142 mil empregos, em linha com o do mês anterior (143mil), o que não ajudou a definir se o corte nos EUA será de 0,25 ou 0,50, então os investidores estão aguardando os dados do CPI e do PPI”, afirma Mendonça.

Após PIB forte divulgado na semana passada, a previsão para Selic e inflação subiram no Boletim Focus desta segunda-feira. Em resumo, a pesquisa trouxe mudanças como o aumento da Selic para 2024 para 11,25% (antes 10,50%) e para 2025 10,25% (antes 10%). Também se elevaram as projeções para IPCA 2024 4,30% (antes 4,26%), do PIB 2024 2,68% (antes 2,46%) e para o câmbio no final deste ano R$ 5,35 (antes R$ 5,33).

Enquanto nos EUA, é esperado um corte de juros, no Brasil o movimento deverá ser contrário. A maior parte do mercado vê um aumenta da taxa básica, Selic nesta próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

“A curva de juros futura mostra que as expectativas de inflação continuam altas para 2025 e reiteram que o BC precisa subir juros e a situação fiscal no país ainda preocupa, gastos do governo ainda não estão controlados”, avalia a especialista da AVG.

  • As taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 ficaram praticamente estáveis, a 10,92%. Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic;
  • Já para janeiro de 2034, passaram de 11,76% para 11,70%. Essas taxas mais longas costumam medir o tal do “risco fiscal”, que é a capacidade de o governo manter as contas públicas em dia. Apesar do recuo, os prêmios seguem altos.

 

Empresas

Beneficiado pela notícia de um furacão no Golfo do México, o petróleo registrou forte alta após fechar a semana passada com queda de 7%. Com isso, subiram os papéis da Petrobras, principal empresa responsável pelo positivo do Ibovespa hoje.

Os preços da commodity têm estado sob pressão devido a preocupações com a diminuição da demanda na China e nos EUA. Mas o evento natural poderá reduzir a oferta do produto, por isso, o preço voltou a subir.

“Outro destaque do dia foram as altas dos bancos, impulsionadas pelas perspectivas de aumento dos juros. Esse cenário favorece o aumento do spread bancário, já que os bancos conseguem elevar suas margens de lucro ao cobrar mais pelos empréstimos enquanto o custo de captação ainda não sobe na mesma proporção. Esse movimento reflete o otimismo do mercado com o setor financeiro, que pode se beneficiar em um ambiente de juros mais elevados”, afirma Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments.

Com o aumento do preço do minério de ferro, carro-chefe de mineradoras brasileiras, a Vale se manteve em alta durante todo o pregão, mas perdeu força nos momentos finais do ano. Mesmo assim, conseguiu fechar no azul.

De acordo com Hemelim Mendonça, da AVG, a MRV fechou em alta por conta de aposta da empresa para queda dos juros nos EUA e retomada da venda de US$ 200 milhões em projetos da Resia nos EUA, e na projeção de aumento de venda dos projetos do Minha Casa Minha vida no Brasil.

“Ultrapar teve alta devido à projeção para a empresa gerar bons retornos no longo prazo, e ao lucro dobrado registrado no segundo trimestre”, completa.

Entre os destaques negativos, que tiveram maioria no pregão hoje, está a Azul, que cai mais uma vez, diante dos ruídos que ela pode estar a caminho de uma recuperação judicial.

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