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Como equilibrar as contas em tempos de volatilidade?

Fonte: Bora Investir
Por: Rogério Piovezan

ASPAS DE GABRIEL REDIVO

 

A flutuação de preços no mercado de capitais é conhecida como volatilidade. O “sobe e desce” pode ser influenciado por diferentes fatores, como a mudança de expectativas de investidores sobre a economia dos EUA, a elevação das taxas de juros no Japão e a preocupação com o ajuste fiscal no Brasil. Juntos, esses fatores levaram à queda histórica das bolsas ao redor do mundo no começo deste mês. Manter a sua carteira de investimentos equilibrada e protegida desses impactos é um desafio aos investidores.

A volatilidade também balança a taxa de câmbio, que é o preço de uma moeda estrangeira convertida para a moeda nacional. Ou seja, um dólar na cotação desta quarta-feira (14) equivale a R$ 5,47.

Por isso, o Bora Investir foi ouvir dois especialistas para trazer algumas respostas. Confira.

 

Proteção financeira

O melhor jeito de passar por essa turbulência no mercado financeiro é construir uma proteção financeira das contas pessoais. Como assim? É entender que existem gastos fixos, que irão surgir ano a ano e não são imprevisíveis, ou seja, é possível organizar as contas para destinar uma parcela da renda para cobrir essas despesas, além de estabelecer uma margem para alguns imprevistos menores.

A receita é o bom e velho planejamento financeiro. É o que afirma Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças. “Temos o hábito de querer resolver um problema quando acontece. A receita mágica seria se planejar. Pegar sua vida financeira e desenhar uma estratégia. Já sei que tenho que pagar a matrícula do colégio e os impostos no começo do ano. Então, já me programo no começo do ano para montar uma reserva e evitar sofrer essas oscilações no começo do ano que são normais.”

Glaciano destaca que o investidor deve voltar ao básico para construir essa proteção. Isso, no entanto, não é uma tarefa fácil ou prazerosa. “Tomar uma decisão financeira inteligente não é acordar motivado, mas fazer o certo. Essa é a primeira regra. A gente precisa construir uma proteção e ter em mente que isso não será prazeroso. O que dá prazer é ir à praia, viajar. A gente precisa voltar para o básico e construir essa proteção para te salvar.”

Para Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments, o consumo brasileiro também é afetado pela volatilidade. “Existe um impacto direto [da volatilidade] porque o consumo está altamente dolarizado. A gente sabe que a inflação, para a maioria dos brasileiros, não está só vinculada ao IPCA. Se for olhar nosso consumo do dia a dia, o aumento dos preços é maior do que o próprio IPCA. Isso influencia as contas do investidor brasileiro e uma forma de se proteger é buscar uma alocação que proporcione um ganho real frente a inflação.”

 

Diversificação

Uma boa carteira de investimentos pode passar por qualquer volatilidade e não ser duramente impactada. Isso se deve à diversificação, outro ponto importante para traçar na estratégia de equilibrar os investimentos diante de tantas flutuações no mercado financeiro.

“Inclusive, toda vez que tem oscilação, tem como comprar papéis mais baratos. É ter uma rota financeira adequada e não negligenciar a proteção financeira. Eu vejo muitas pessoas que já têm dinheiro em ações, ETFs, mas não têm seguro de vida, base de segurança, uma camada de proteção financeira nas despesas de todo ano, então quando chega esse momento [da volatilidade], a dor é maior”, afirma Glaciano.

Na mudança de preços também, surgem oportunidades. “Vamos imaginar que eu sou uma empresa e você consome meus produtos com preço médio de US$ 100. Chega uma crise e agora meu papel está US$ 50. Você entende que é uma boa oportunidade para comprar nesse cenário? Então, exercemos o termo paciência e deixa voltar para os US$ 100 [quando quiser vendê-lo]. O objetivo principal, independente do produto financeiro, é o preço médio, se ele está abaixo da média, eu sei que estou comprando mais barato e se eu tiver paciência, eu terei resultado.”

 

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