Aware Investments estreia em crédito com fundo de precatórios
Fonte: Valor Econômico
Por: Adriana Cotias
ASPAS ALEX SILVA
A gestora de fortunas Aware Investments vai estrear no universo dos fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC), com uma carteira que compra precatórios. No alvo estão ativos do Estado e do município de São Paulo.
A primeira tranche do portfólio, que começa a chegar aos investidores, prevê uma captação de R$ 30 milhões, com outra de igual tamanho já no radar. Os sócios da casa, fundada por ex-diretores do Banco Espírito Santo, vão investir em conjunto nas teses que espelharem as melhores oportunidades, segundo Alex Silva, um dos fundadores do multifamily off. A nova frente de negócios coincide com o encerramento de cortes da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), com a taxa básica mantida em 10,5% ao ano.
“Apesar da meia trava do BC, o que o mercado inteiro busca são investimentos alternativos em cima da classe de ilíquidos e os precatórios são uma boa defesa”, diz Silva. “Não tem um prêmio enorme como no passado – é metade do que tínhamos dez anos atrás , mas ainda é muito satisfatório, com retornos equivalentes a 250%, 300% do CDI.” E se em 2025 e 2026 o BC retomar o plano de redução de juros, a performance pode ser melhor.
Com cerca de R$ 9 bilhões de 250 grupos familiares, a Aware já tinha um fundo de ações e um multimercado macro, num mandato híbrido de gestão própria com a compra de cotas de outras carteiras. A carteira de precatórios marca a estreia da gestora de fortunas no universo de crédito.
O novo fundo, batizado como Hole in One FIDC, vai adquirir com deságio precatórios que atendam a critérios de elegibilidade estabelecidos pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP) e pela Procuradoria Geral do Município de São Paulo (PGM-SP), de natureza alimentar ou comum. Com o processo de originação, análise e estruturação na mão, a casa espera garantir pagamentos num prazo de até 24 meses, a partir da data de protocolo para homologação da cessão.
O produto é voltado ao investidor qualificado, com cotas sênior e subordinada negociadas em mercado de balcão. O investimento mínimo é de R$ 25 mil. A expectativa de Silva é obter os ativos a um custo de 50% do valor nominal, na média.
O Estado e município de São Paulo destacam-se como os principais detentores de precatórios no país, só perdendo da União. Segundo o executivo, no início deste ano, o Estado acumulava mais de R$ 30 bilhões em precatórios, distribuídos em mais de 150 mil processos, com uma fila de espera de 15 anos, enquanto o município contabilizava mais de 40 mil processos pendentes, com expectativa de recebimento em 20 anos. A lógica é comprar os ativos dos credores, assim conseguem antecipar uma liquidez que poderia demorar anos.
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