Recessão coletiva sobe, mas alta de juros tem dias contados
22 de junho de 2023O risco iminente de uma recessão generalizada está se tornando mais evidente, no entanto, as altas nas taxas de juros estão prestes a chegar ao fim. Com a desaceleração da inflação, tanto o Federal Reserve (Fed) quanto o Banco Central Europeu (BCE) estão tomando decisões sobre suas taxas. Há indicações de que o Fed adotará uma postura de cautela nos Estados Unidos. Enquanto isso, a zona do euro continua avançando em seu ciclo monetário, mas o fim desse processo está se aproximando e sugere um “pouso suave” na economia.
Os próximos dias serão dominados pela inflação e pelas taxas de juros, tanto nos Estados Unidos quanto na Zona do Euro, com anúncios de preços ao consumidor e decisões de política monetária. O Federal Reserve (Fed) tem a intenção de reduzir o ritmo de aumento de suas taxas, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) provavelmente continuará avançando nesse sentido. No Brasil, a discussão sobre as taxas de juros ocorrerá em 21 de junho, mas, por enquanto, o cenário é diferente.
Os indicadores de atividade econômica podem reforçar a percepção de que a economia terá um desempenho positivo surpreendente em 2023. Os números de vendas no varejo e o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) de abril serão decisivos. Os dados de março superaram as expectativas, impulsionando projeções mais otimistas para o Produto Interno Bruto (PIB) do ano.
A atualização dos dados de abril – para o varejo em 14 de junho e para o IBC-Br em 16 de junho – ajudará a ajustar o cenário, que no momento aponta para uma expansão mais forte do crescimento econômico.
Após a divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, as estimativas foram revisadas significativamente, apontando para um crescimento entre 2% e 2,5% – um alívio considerável. No relatório Focus de janeiro, as expectativas eram de um avanço anêmico de apenas 0,75% para o Brasil.
As revisões continuam, e organismos internacionais contribuíram com novas perspectivas para o PIB tanto global quanto brasileiro, em um evento realizado em 6 de junho. O Banco Mundial elevou sua previsão para o Brasil de 0,8% para 1,2%, enquanto a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aumentou de 1% para 1,7%. Quanto ao PIB global, essas instituições esperam um crescimento de 2,1% e 2,7%, respectivamente.
Na Zona do Euro, a economia teve uma contração de 0,1% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior, já que este último também havia apresentado números negativos, de acordo com dados divulgados pela Eurostat em 8 de junho. Como resultado, o bloco entrou em uma leve recessão técnica.
Perspectiva favorável
O risco de uma recessão abrupta e generalizada devido ao aumento das taxas de juros pelos bancos centrais, que há alguns meses era considerado iminente, diminuiu.
No entanto, as consequências do aperto monetário ainda estão presentes na agenda. O Banco Mundial e a OCDE alertam para o estresse potencial nos mercados devido ao forte aumento das taxas de juros, que há pouco mais de um ano estavam em níveis negativos ou próximos disso nas principais economias. As instituições multilaterais destacam a quebra do Sillicon Valley Bank e do Signature este ano como exemplos claros dos efeitos dos ajustes monetários nas carteiras dos bancos.
Por outro lado, a desinflação em curso não é um acontecimento aleatório. Este é um sinal de que a política monetária está funcionando.
Após idas e vindas nos últimos meses e o dilema entre elevar as taxas de juros para conter a inflação ou preservar o crescimento econômico, o Banco Central dos Estados Unidos provavelmente interromperá o aumento de sua taxa na reunião do dia 14, e o mercado estará atento às projeções macroeconômicas divulgadas pela instituição.
O Fed já indicou que desta vez não tomará decisões sobre as taxas de juros, mas as projeções revelarão o que está por vir. Uma nova alta poderá ocorrer em julho, e o mercado já está apostando nisso. De qualquer forma, estamos nos aproximando do fim do ciclo de aperto monetário, e é ilusório acreditar que haverá um corte rapidamente.
O aumento das taxas básicas pelos bancos centrais é seguido por um período de manutenção do nível alcançado, geralmente por três trimestres, antes de iniciar um ciclo de redução, dependendo da avaliação das autoridades monetárias em relação à inflação.
O aperto do País
O Brasil, que iniciou o processo de aperto monetário antes de outros grandes países, está se aproximando mais do momento de redução das taxas, que o mercado já espera para agosto ou setembro.
A decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) em relação à meta de inflação ou à mudança de regime, que será discutida na reunião de 29 de junho, também influenciará essa trajetória. Dependendo da decisão do CMN, as expectativas podem ser alteradas e colocar o Banco Central (BC) de Roberto Campos Neto na defensiva.
O índice IPCA de maio, divulgado em 7 de junho, com uma variação de 0,23% e acumulando 3,94% nos últimos 12 meses, foi uma boa notícia e confirmou informações já existentes, segundo o economista Gino Olivares.
“A queda dos preços no atacado, a estabilidade do câmbio e a redução da demanda contribuem para a desinflação”, ressalta Olivares, que destaca que a desaceleração da inflação dos bens está se estendendo para os serviços, o que afetará a inflação geral e influenciará as expectativas.
A convergência da inflação para a meta está em andamento, mas de forma desafiadora. Nos Estados Unidos e na Europa, a inflação está significativamente acima da meta de 2%.
Na Zona do Euro, que começou o processo de ajuste monetário em junho de 2022, a inflação ainda era superior a 10% em outubro e novembro, mas caiu para 7% em abril deste ano. Espera-se um novo declínio nos dados de maio, que serão divulgados em 15 de junho.
Nos Estados Unidos, onde o aperto monetário começou em março de 2022, a inflação caiu significativamente após atingir um pico de 9,1% três meses depois. Em abril deste ano, já havia recuado para 4,9%. Analistas estimam que os dados de maio possam chegar a 4,1% em 13 de junho.
A inflação, mesmo em queda, ainda está distante das metas estabelecidas e desafia os bancos centrais, colocando em xeque o regime atual e levando as economias a desacelerar ou perder a credibilidade em busca de resultados irrealistas. Não há escolhas fáceis nesse cenário.
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