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Bolsa cai e dólar sobe por preocupação com inflação nos EUA

9 de agosto de 2021

São Paulo – A Bolsa operou a segunda metade do pregão em queda após a fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), no Senado, que admitiu que a inflação está “bem acima da meta”, mas seguirá com a política monetária acomodatícia por algum tempo. Com isso, o Ibovespa fechou em queda de 0,73%, aos 127.467,88 pontos.

Somado a isso, os investidores acompanharam com atenção a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid que traz desgaste ao governo.

Segundo Bruno Komura, estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, os indicadores norte-americanos mostram que a economia está se recuperando mais rápido e “parece que veremos um crescimento mais saudável, mas a consequência disso é a inflação”.

Komura acredita que o Fed terá de antecipar o aperto monetário. “Deve começar pelo tapering [redução de estímulos] e, posteriormente, o ciclo de aumento da taxa de juros”.

Por aqui, o estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos comenta que “a CPI está sendo importante para desgastar a imagem do governo”.

Ele acrescenta que a reforma tributária segue no radar. “O mercado recebeu bem o parecer do relator, mas ainda vai precisar muita discussão e tá longe de saber qual texto vai para votação”.

Na visão de Aldo Filho, analista da Aware Investments, os investidores estão céticos em relação à discussão se a inflação será ou não transitória nos Estados Unidos e leva os mercados globais à volatilidade. “O Brasil acompanha este movimento com a alta do câmbio, e nos juros de curto prazo e desestimulando o investimento em renda variável.”

Para os analistas da Ajax Capital, os diretores do Fed devem observar o melhor momento para a diminuição de estímulos. “A redução do volume de compras mensais de títulos deve ter início neste ano, mas provavelmente no 4T21”, ressaltam.

O dólar comercial encerrou a sessão em alta de 0,64%, cotado a R$ 5,1170 para venda, em dia de grande volatilidade e acompanhando o movimento global de valorização da divisa frente a preocupação com a variante Delta da covid-19 e também com a dúvida se a inflação nos Estados Unidos é transitória ou permanente.

“O dólar comercial exibiu forte volatilidade e amplitude nesta sessão de quinta-feira, abriu em leve alta na faixa dos R$ 5,09, acompanhando o movimento externo de sua congênere, passou a cair logo em seguida, chegando a transitar momentaneamente pela faixa mínima do dia nos R$ 5,05, em função de uma entrada pontual de recursos estrangeiros, para voltar a subir ao longo de todo o restante da sessão até atingir a banda máxima do dia na casa dos R$ 5,13”, explicou Jefferson Rugik, da Correparti Corretora de Câmbio.

Rugik acrescenta ainda que o dólar comercial “teve como principal indutor para este movimento, o fortalecimento da moeda americana no exterior, reflexo da piora do humor global, com o retorno das preocupações com a variante Delta do coronavírus, e com as dúvidas sobre a transitoriedade da inflação nos Estados Unidos”, afirmou.

“Os investidores estão bem cautelosos e ainda esperando um sinal sobre os dados econômicos. Querem saber se a inflação nos Estados Unidos é passageira ou veio para ficar. O mesmo vale para os resultados corporativos, ainda não há um sinal claro que a economia norte-americana já retomou seu crescimento”, afirmou um operador de câmbio.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta em uma sessão na qual investidores promoveram ajustes em relação à intensa queda da véspera em meio a uma maior percepção de risco político.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 5,815%, de 5,780% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,305%, de 7,270% o DI para janeiro de 2025 ia a 8,28%, de 8,25% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,67%, de 8,66%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em queda, com exceção do Dow Jones, em meio às declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, e à divulgação de mais uma rodada de balanços.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,15%, 34.987,02 pontos

Nasdaq Composto: -0,70%, 14.543,10 pontos

S&P 500: -0,32%, 4.360,03 pontos

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: Agência CMA

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