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IFI projeta crescimento anual do PIB e do IPCA em 2022 e 2023

A Instituição Fiscal Independente (IFI) revisou para cima as suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano e para a inflação tanto em 2022 quanto em 2023. Já a projeção para o crescimento do PIB no ano que vem seguiu caminho oposto e foi revisada para baixo.

A estimativa para o crescimento do PIB neste ano passou de 0,5% no Relatório Fiscal anterior (RAF) para 1% no documento divulgado hoje. A revisão foi motivada “pela melhora da atividade econômica e pelo efeito positivo das liberações de recursos” do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) “sobre o consumo das famílias no segundo trimestre”, de acordo com o órgão de acompanhamento da política fiscal ligado ao Senado.

“Para 2023, prevê-se a redução da projeção do PIB de 2% para 1%, influenciada por uma política monetária mais restritiva sobre o desempenho da demanda interna”, diz.

No caso da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as estimativas para 2022 e 2023 passaram de 5,4% para 7,9% e de 3,2% para 4%, respectivamente.

“Desde a última revisão do cenário econômico, promovida em dezembro, o ambiente externo piorou bastante com invasão da Ucrânia”, pontua. “As pressões inflacionárias no Brasil, que já vinham se acumulando antes da guerra com os desequilíbrios gerados pela pandemia, agora aumentaram.”

Já a estimativa para a taxa básica de juros é que ela termine 2022 e 2023, respectivamente, em 13,25% ao ano e 9,5% ao ano.

No RAF divulgado hoje, a IFI ainda traça dois cenários econômicos principais, um pessimista e um otimista, para o período que vai até 2031.

“Em um cenário pessimista, em que haja agravamento dos conflitos na Ucrânia e uma desaceleração mais aguda da economia chinesa sobre as exportações, o que aumentaria os riscos fiscais no âmbito doméstico, o valor do dólar poderia chegar a R$ 5,57 no fim de 2022, e o crescimento médio do PIB de 2024 a 2031 seria de 1,3% ao ano. Já a taxa real de juros ficaria em um patamar mais elevado, de cerca de 5,3% ao ano”, diz.

“No cenário otimista, uma travessia pacífica pelo ano eleitoral e a dissipação dos choques causados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia sobre os preços de matérias-primas abririam espaço para maior crescimento econômico e redução mais rápida da taxa de desemprego, além de reduzir as pressões inflacionárias”, afirma. Nesse caso, o câmbio terminaria este ano em R$ 4,70, e “a taxa média de crescimento do PIB seria de 3,2% e a taxa real de juros caminharia para um patamar de 2,9% ao ano” entre 2024 e 2031.

Dívida bruta

 

A dívida bruta do governo geral, considerada por diversos economistas o principal indicador de solvência de um país, deve terminar 2022 no Brasil em 78,9%. A projeção foi apresentada nesta quarta-feira pela Instituição Fiscal Independente (IFI) e representa uma melhora em relação à estimativa anterior, que era de 84,8% do PIB, conforme divulgado no fim do ano passado.

“A revisão foi motivada pela expectativa de maior superávit primário do setor público no ano, em razão do desempenho positivo da arrecadação dos entes federados, especialmente dos governos regionais”, diz o órgão de acompanhamento da política fiscal ligado ao Senado.

Para médio e longo prazos, a IFI traça três cenários em que apresenta as primeiras projeções para 2021. Todos eles possuem ainda trajetórias mais positivas até 2030 do que era calculado anteriormente.

No cenário principal, a instituição calcula que a dívida bruta “deve oscilar em torno de 80% do PIB” nos próximos anos, chegando a 80,9% em 2031. Nos cenários pessimista e otimista, por sua vez, as projeções são de 128,6% e 54,5%, respectivamente.

Já as projeções para 2030, que são comparáveis com as do relatório anterior, ficaram em 81,5%, 121,8% e 58,7%, respectivamente. Antes, as estimativas eram de 88,3%, 133,4% e 65,9%.

Mas a instituição alerta que a “queda nos níveis de endividamento dependerá da capacidade de geração de superávit primários maiores”.

“A perspectiva [para a dívida bruta] é de relativa estabilidade, considerando os parâmetros macroeconômicos apresentados na primeira seção, e dada a tendência considerada de resultados primários do setor público”, diz.

Fiscal

 

A situação das contas públicas melhorou desde dezembro, mas a inflação deve interromper essa melhora, e existem outros riscos no horizonte, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI).

“O quadro fiscal é melhor, mas é preciso estarmos atentos aos riscos. O controle da inflação prejudica a atividade e colocará um freio na arrecadação e na queda da dívida [pública]. Os olhos se voltam para a despesa e a experiência recente nos mostra que o teto de gastos tem sido o elo mais fraco”, diz o órgão de acompanhamento das contas públicas ligado ao Senado, no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de maio, divulgado nesta quarta-feira. O teto de gastos é o instrumento que limita o crescimento das despesas primárias (ou seja, não inclui gastos com a dívida pública) à inflação do ano anterior.

A projeção da IFI para o resultado primário, diferença entre as receitas e despesas primárias e principal indicador de fluxo das contas públicas, é de déficit de R$ 19,2 bilhões (0,2% do Produto Interno Bruto, o PIB) neste ano – contra R$ 99,6 bilhões projetados em dezembro do ano passado para o mesmo período. Segundo a instituição, o fator que explica a melhora é “o crescimento esperado da arrecadação”. O número também representa melhora em relação aos R$ 33,7 bilhões (0,4% do PIB) registrados no ano passado.

“Em 2025, o resultado [primário] alcançaria terreno positivo, com superávit de 0,2% do PIB. Em 2027, o pagamento do passivo de precatórios (dívidas judiciais do poder público já reconhecidas) levaria a novo déficit, o qual já seria revertido [para superávit] no ano seguinte, chegando a 0,8% do PIB em 2031, último ano das projeções”, diz.

A IFI calcula que as despesas primárias terminarão este ano em 18,2% do PIB. “O recuo frente aos 18,6% do PIB alcançados em 2021 decorre do aumento esperado para o PIB nominal acima do aumento projetado para as despesas”, diz. Nesse cenário, “o gasto primário deve recuar para 15,8% do PIB até 2031”.

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: Valor Investe

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