4intelligence: RADAR MAR/2023
Internacional
O CPI norte-americano variou 0,4% na passagem de janeiro para fevereiro, acumulando alta de 6,0% em doze meses (a menor desde 2021). Combinada à instabilidade no sistema financeiro, a leitura de inflação mais amena pode levar o Fed a interromper o ciclo de altas da taxa básica de juros na reunião deste mês. Ainda assim, julgamos que os juros devem ser mantidos em território elevado até, pelo menos, o final de 2023, em função da composição da inflação – que atualmente é propelida, principalmente, por elementos menos voláteis, como aluguéis.
Brasil
O Produto Interno Bruto recuou 0,2% na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2022, na série livre de influências sazonais. Com o resultado, o PIB acumulou alta de 2,9% no ano e 1,9% no último trimestre em relação ao mesmo período de 2021.
Prospectivamente, revisamos nossa projeção de crescimento em 2023 de 0,7% para 0,9% em função da perspectiva de recuperação do mercado interno chinês e da expectativa de retomada robusta da produção agrícola. Ainda assim, o quadro econômico para 2023 se apresenta bastante desafiador. Domesticamente, os juros elevados e o alto grau de endividamento familiar devem frear o consumo privado – o principal motor do PIB de 2022. No cenário internacional, a recuperação da atividade chinesa pode estimular a atividade – principalmente da Indústria Extrativa -, contudo, o nível dessa retomada pode impactar a cotação de commodities energéticas no mercado internacional em um contexto de preços ainda pressionados no pós-pandemia.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,84% em fevereiro, após se expandir 0,53% em janeiro e acumulou, com o resultado, alta de 5,6% em doze meses. A inflação de fevereiro refletiu, sobretudo, o comportamento dos grupos Educação, Saúde e Cuidados Pessoais e Habitação, responsáveis pelos maiores impactos na variação do índice cheio.
Esperamos que, em 2023, os combustíveis voltem a pressionar o IPCA ainda que este movimento possa ser contrabalanceado pela acomodação do preço de cana-de-açúcar, fundada na expectativa de boa safra no ano. Globalmente, o comportamento futuro das cotações de commodities agrícolas e energéticas ainda é incerto, uma vez que os preços responderão a duas forças opostas: o da desaceleração da economia global, que tende a atenuar as cotações, e a da recuperação chinesa, que contrabalanceia este movimento. Por fim, serviços e bens industriais podem puxar para
baixo o IPCA em função da desaceleração da atividade econômica doméstica.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicou criação líquida 83,3 mil novos postos de trabalho em janeiro. Após um ano marcado por um mercado de trabalho aquecido, alimentado pelo fôlego da retomada de serviços e pela resistência do consumo privado a despeito da inflação, 2023 tende a mostrar arrefecimento da geração de postos de trabalho formais. Setores mais sensíveis ao ciclo monetário devem reduzir o ritmo de contratações ao longo dos próximos meses, dado a perspectiva de conservação da Selic em patamares elevados até, pelo menos, o final do ano. Julgamos que a acomodação do mercado formal de trabalho terá como pano de fundo uma economia crescendo mais timidamente (esperamos que o PIB avance 0,9% em 2023), além de um quadro global delicado, marcado pelas condições monetárias restritivas nos países desenvolvidos.
Fernando Haddad vai visitar o Congresso Nacional em busca de apoio para a Reforma Tributária, assim como pretende debater o novo modelo de âncora fiscal. A ministra do planejamento, Simone Tebet, afirma que a proposta é ”equilibrada, factível e flexível”.
BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: 4intelligence