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RELATÓRIOS E ARTIGOS ECONÔMICOS

4E RADAR OUT/2021

Cenário Internacional

EUA – O PIB norte-americano cresceu 6,7% no segundo trimestre do ano, no dado anualizado.

O número – menor do que o esperado – resultou do aumento nas importações, diminuição do investimento privado em estoque/infraestrutura e menor gasto do governo nas concessões do Paycheck Protection Program (PPP).

UE – No segundo trimestre, a economia da União Europeia cresceu 2,1% – no dado dessazonalizado -, segundo o Eurostat.

O número foi impulsionado pelo aumento no consumo das famílias – que cresceu 3,5% na U.E. – responsável por 1,7 p.p. da variação do produto no período.

Cenário Político

Bolsonaro mais calmo?
O arrefecimento das agendas de isolamento associadas às melhorias no quadro da pandemia esvaziam parte dos conflitos de Bolsonaro. O presidente segue comprando algumas polêmicas, mas seu ritmo parece menos intenso.

Agenda econômica difícil pode afastar Bolsonaro de Guedes. O ministro passa por isolamento e sentimento de fritura diante de quadro complexo na economia e no universo de investigações. Ao que tudo indica, aproximação absolutamente aguda e intensa de Bolsonaro com o centrão deve tirar de sua agenda eleitoral as figuras de Hamilton Mourão (vice-presidente) e Paulo Guedes. O poder conferido ao ministro no primeiro ano de governo está diminuindo com os meses. Nomeações de aliados e desmembramentos de ministérios estão na lista de perdas.

No Senado, sabatina de André Mendonça para o STF ainda não foi marcada. Alcolumbre, presidente da CCJ, diz que não deliberar é uma forma de vetar a  indicação. Em almoço com Flávio Bolsonaro (RJ) no começo da semana, o senador do Amapá demonstrou que guarda mágoas com Bolsonaro. Afirmou que teve promessas não cumpridas pelo presidente e se sentiu ofendido com algumas cobranças recentes acerca de Mendonça feitas pelo presidente. Bolsonaro afirmou que Alcolumbre não age de maneira correta, e que precisa levar adiante a sabatina. O STF indicou que ele não tem prazo obrigatório para tanto. A partir dos impasses, Flávio ficou de reaproximar Alcolumbre do pai, mas o senador indicou que pode destravar essa, e outras agendas de nomeação, apenas em 2023 – quando outro
presidente poderá fazer novas indicações.

Relatório da CPI da Covid no Senado deve atingir Bolsonaro, aliados e o Ministério da Saúde. A situação do presidente é particularmente complicada. Renan Calheiros tem dito que ele deve ser arrolado como figura central.

PIB

A projeção da 4E para o PIB de 2021 foi revisada, indo de 5,3% para 4,9%. Esperamos uma recuperação mais forte no 2º semestre impulsionada pelo setor de serviços, contrabalanceando em parte o cenário mais pessimista que a atividade industrial vem enfrentando.

A produção industrial de agosto recuou 0,7% na comparação com julho (-1,2%) na série livre de influências sazonais.
Prospectivamente, a combinação de desorganização nas cadeias produtivas globais e perda de poder de compra das famílias deve seguir limitando a capacidade de recuperação do setor.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu para 106,4 pontos em setembro, frente aos 107,0 em agosto – na série com ajuste sazonal. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 6,5 pontos no mesmo período, alcançando 75,3 pontos – também para os valores livres de influências sazonais.

PIB Regional

O resultado do PIB Regional no trimestre móvel terminado em julho, considerando a série dessazonalizada, trouxe destaques positivos para 17 Ufs.

O comportamento dos Serviços (1,6%) foi o principal responsável pelo desempenho agregado das regiões neste trimestre móvel.

Na ponta positiva, o Nordeste (2,0%) foi a região que obteve o maior crescimento no período, sendo o desempenho dos Serviços (3,4%) o principal responsável por esse resultado.

Já na ponta negativa, o desempenho das regiões Centro-Oeste (-0,9%) e Sul (- 1,0%) foram fortemente impactados pelos recuos da Agropecuária (-7,9% e – 5,8% respectivamente).

Mercado de Trabalho

Segundo a PNAD contínua a taxa de desemprego encerrou o trimestre móvel finalizado em julho em 13,7%, apresentando queda de 0.4 p.p. frente ao trimestre móvel anterior (14,1%), ambos os dados para a série original.

No curto prazo a taxa de desemprego tende a devolver – em parte – o aumento verificado nos momentos mais agudos da pandemia. Todavia, o panorama ainda é desafiador. As perspectivas de desaceleração do PIB em 2022 projetam um quadro com menos contratações ano que vem, e a manutenção de um cenário delineado por altos níveis de desemprego.

Dados do Caged de agosto indicam a criação de 372,2 mil vagas de emprego (288,8 mil na série dessazonalizada), marcando o oitavo mês consecutivo de avanço do estoque de empregos. O destaque, novamente, é o setor de serviços, que vem apresentando sinais mais fortes de retomada.

Inflação

O IPCA variou 1,16% em setembro, maior taxa para o período desde 1994. No acumulado em 12 meses, o índice alcançou os dois dígitos, avançando para 10,25%.

No curto prazo, acreditamos que os preços devem seguir carregados, mesmo que em menor intensidade. Além da crise hídrica não mostrar sinais de arrefecimento, julgamos ser inevitável uma atualização nos preços dos serviços frente a reabertura da economia.

O IGP-M recuou 0,64% em setembro após a variação positiva de 0,66% no mês anterior.

Todavia, o resultado negativo não indica abrandamento do quadro inflacionário, visto que a retração foi essencialmente concentrada no minério de ferro (-21,74%), item que sozinho corresponde a 10,9% do IPA-M.

Política Monetária

Em sua reunião de setembro, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros para 6,25% ao ano.

Prospectivamente, BC sinalizou uma alta de 1 p.p. na próxima reunião e juros acima do neutro ao final do ciclo.

Em seu comunicado, o Banco Central destacou riscos para ambos os lados em seu cenário prospectivo: De um, reversão da alta de preço de commodities, mesmo que parcial. Do outro, piora na trajetória fiscal como resposta a pandemia ou frustração nas reformas pode pressionar prêmio de risco.

Projetamos mais duas altas de 1 p.p. e uma de 0,75 p.p., com Selic de 8,25% ao final deste ano e 9,00% no início do próximo ano.

Política Fiscal

Em agosto, o setor público consolidado reportou um superávit primário de R$ 16,72 bilhões, ante um déficit de R$ 10,37 bilhões em julho e de R$ 87,6 bilhões no mesmo período de 2020.

A dívida líquida do setor público em relação ao PIB manteve-se estável em agosto e fechou o mês em 59,3%, valor equivalente a R$ 4,9 trilhões. Já a dívida bruta do governo geral, alcançou R$ 6,8 trilhões em agosto, fechando o mês em 82,7% do PIB.

A melhora do quadro fiscal é ofuscada, no entanto, por sinalizações deficientes do governo federal. Por um lado, a indefinição quanto ao mecanismo de pagamentos dos precatórios têm sua solução vinculada a uma PEC no Congresso. Ao mesmo tempo, há incertezas quanto ao financiamento do novo programa de transferências do governo. Estes fatores degradam a credibilidade do ajuste e adicionam uma nova camada de risco ao quadro fiscal.

Taxa de Câmbio

Acreditamos que a taxa de câmbio tende a se estabilizar em patamar mais depreciado, em termos reais, frente aos níveis de 2010-2014.

O Real até chegou a se valorizar no mês de junho, com recomposição dos juros, aprovação do orçamento e termos de troca muito favoráveis, mas o movimento se reverteu com piora do quadro fiscal e político.

Esperamos que o movimento de apreciação tende a voltar, de forma que a taxa de câmbio deve encerrar o ano em R$ 5,00, mas incertezas da eleição de 2022 começam a entrar no radar.

Continuamos a enxergar dificuldades na aprovação de novas reformas, algo que certamente limita o potencial de recuperação do Real.

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: 4E Consultoria

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