4E RADAR NOV/2022
Internacional
Nos Estados Unidos, as vendas no varejo avançaram 1,3% em outubro – valor acima do 1,0% estimado pelos economistas consultados pela Reuters. O movimento foi impulsionado pelas vendas de veículos e bens duráveis – na esteira de uma melhora nas condições das cadeias de suprimentos nos últimos meses.
O comportamento do setor, resiliente diante da escalada dos preços, alimenta expectativas mais otimistas para o último trimestre e para o ano que vem – sobretudo depois do último relatório do CPI, que trouxe sinais de arrefecimento da inflação subjacente. Ganha força, dessa forma, o anseio que membros do FOMC
– comitê de política monetária do Fed – verbalizavam há alguns meses: o de que, dado as atuais circunstâncias, com o mercado de trabalho aquecido e as heranças dos estímulos de combate a pandemia, a inflação poderia voltar ao controle sem muitos custos ao crescimento.
Brasil
A produção industrial recuou pelo segundo mês consecutivo, retraindo-se 0,7% em setembro na série livre de influências sazonais. Projetamos que o setor deve apresentar resiliência nos próximos meses, em linha com a dilatação no consumo das famílias derivado das medidas fiscais expansionistas promovidas pelo Governo Federal e tendência de crescimento na demanda por eletrodomésticos resultante dos eventos de final de ano – em particular da Copa do Mundo.
Em setembro, as vendas no varejo avançaram tanto na modalidade restrita (1,1%) quanto na ampliada (1,5%) na série dessazonalizada. A alta no varejo restrito foi impulsionada pelo desempenho de bens essenciais – como alimentos e combustíveis -, em dinâmica que espelhou a elevação de R$ 200,00 no valor do Auxílio Brasil, o início do Auxílio Caminhoneiro e Taxista e a queda nos preços da gasolina, etanol e óleo diesel.
O volume de serviços avançou pelo quinto mês consecutivo ao exibir variação de 0,9% em setembro, na série livre de influências sazonais. Com o resultado, o grupo encontra-se em nível 11,8% superior ao período pré-pandemia e ultrapassou o ponto mais alto da série histórica, que remonta a novembro de 2014.
Após recuar por três meses consecutivos, o IPCA voltou a acelerar em outubro, avançando 0,59% em relação ao período anterior. Para o último bimestre do ano, antevemos continuidade na pressão inflacionária, em linha com a tendência de alta, mesmo que gradual, no valor dos combustíveis e dos impactos negativos sobre o preço dos laticínios, frutas e leguminosas resultantes das paralisações nas rodovias federais e estaduais, de forma que o índice de preços encerre 2022 em 6,00%.
A taxa de desocupação encerrou o trimestre móvel até setembro em 8,7% – o menor valor desde 2015 e
em patamar 0,6 p.p. menor do que o verificado nos três meses até junho. Enxergamos, no curtíssimo
prazo, um mercado de trabalho forte – impulsionado pelo fôlego da retomada de serviços e pelo bom ritmo
da atividade econômica. Já em 2023, o panorama é mais nublado. O ano deverá ser marcado pelo esgotamento da recuperação e a desaceleração no ritmo de contratações em setores mais sensíveis ao ciclo monetário, como indústria e construção.
Política
As negociações para a transição de governo continuam e os últimos 15 dias foram marcados não só pela escolha e especulações sobre os nomes de quem irá ocupar as pastas ministeriais, mas também pelas negociações em torno da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, mais conhecida como “PEC da transição”, que deverá garantir
o pagamento do Auxílio Brasil de 600 reais.
BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: 4E Consultoria