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RELATÓRIOS E ARTIGOS ECONÔMICOS

4E Radar AGO/2021

Cenário Internacional

EUA – O PIB norte-americano cresceu 6,5% no segundo trimestre do ano, no dado anualizado.

O número – menor do que o esperado – resultou do aumento nas importações, diminuição do investimento privado em estoque e infraestrutura, e pelo menor gasto do governo nas conceções do Paycheck Protection Program (PPP).

UE – Estimativas preliminares, calculadas pelo Eurostat e atualizadas no dia 17 de agosto, indicam que o PIB da Zona do Euro cresceu 2,0% no segundo trimestre, quando comparado ao período anterior – no dado dessazonalizado.

O número é maior do que o estimado pelo mercado, que previa um aumento de 1,5%.

Cenário Político

Bolsonaro e seus desafios

Bolsonaro segue firme em seu embate com magistrados do STF. Tem defendido que não pode ser impedido de ter liberdade de expressão, o que estende para seus alidaos – inclusive alguns deles presos, como o ex- deputado federal Roberto Jefferson. O presidente tem se mostrado ácido, mas o questionamento acerca do ativismo do Judiciário é algo que merece atenção. Sua ameaça de apresentar pedidos de impeachment contra ministros do STF não foi efetivada até o presente momento, e aparentemente não será.

Discussões sobre reforma política preocupam pela pressa de os parlamentares aprovarem mudanças até o início de outubro – um ano antes do pleito vindouro. Emenda Constituicional que fala do fim das coligações em pleitos proporcionais, que sequer foi utilizada na escolha dos deputados e debutaria ano que vem, caiu na Câmara em duas votações. Mais de 100 deputados federais que votaram a favor da medida em 2017 recuaram da posição em 2021. Insegurança jurídica no trato com a Constituição preocupa. O Senado, que poderia postergar a deicsão, se comprometeu a votar, mas analistas entendem que a medida pode ser rejeitada. Importante ofertar atenção máxima à reforma política nas próximas seis semanas.

Pesquisa XP trouxe um panorama das intenções de voto dos brasileiros para o cargo de presidente. Com campo colhido em meados de agosto, fenômeno verificado nas duas rodadas anteriores se repete: Lula cresce e Bolsonaro recua no primeiro turno.

CPI no Senado indica que pode indiciar Bolsonaro por curanderismo e charlatanismo na defesa de medicamentos. Guerras de narrativa dão o tomo dos trabalhos, e a grande questão é compreender por onde rumarão os trabalhos.

PIB

A projeção da 4E para o PIB de 2021 é de crescimento de 5,3%. Esperamos uma recuperação mais forte no 2º semestre impulsionada pelo setor de serviços na medida em que a vacinação avança.

A Pesquisa Industrial Mensal de junho ficou estável em 0,0% na margem, depois do crescimento de 1,4% em maio na série com ajuste sazonal. Prospectivamente, problemas nas cadeias de suprimentos globais e seu consequente aumento nos custos de produção devem seguir limitando o crescimento do setor ao longo do ano.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu para 107,6 pontos em junho, maior valor desde fevereiro. Já o Índice de Confiança do Consumidor(ICC) subiu 4,7 pontos no mesmo período, situando-se em 80,9 pontos.

PIB Regional

O resultado do PIB regional na média móvel trimestral dessazonalizada terminada em maio, trouxe destaques positivos para 22 UFs.

Pela ponta positiva, estão as regiões CO (4,7%) e N (1,9%). O início da colheita de grãos nos estados do Centro-Oeste, influenciou para que a Agropecuária encerrasse o período com um crescimento de 5,9%.

Pela primeira vez após um ano, o Brasil encerrou o mês de maio (1,1%) com um crescimento acumulado dos últimos 12 meses positivo.

Mercado de Trabalho

Segundo a PNAD contínua, do IBGE, a taxa de desocupação apresentou leve queda frente ao trimestre móvel anterior, encerrando maio em 14,6%.

A Taxa de desemprego deve seguir em patamares elevados nos próximos meses, na medida em que o número de pessoas em busca de emprego cresça em ritmo maior do que a demanda por trabalho.

O Caged de junho acusou criação líquida de 309,1 mil vagas (280,7 mil na série dessazonalizada), queda em relação ao observado em maio (289,5 mil vagas) para a série com ajuste sazonal.

Inflação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) avançou 0,96% em julho, maior variação para o período desde 2002 (1,19%).

No acumulado em 12 meses, a inflação foi de 8,99%.

O grupo que exerceu maior pressão positiva sobre o índice foi Habitação (3,10%) com impacto de 0,48 p.p.

O IGP-M de julho registrou alta de 0,78%, frente a 0,60% no mês anterior

O IPA-M, que corresponde a 60% do índice geral, passou de 0,42% em junho para 0,71% no sétimo mês do ano.

Já o IPC-M, responsável por 30% do IGP-M, teve incremento de 0,83% em julho após registar 0,57% no mês anterior.

Política Monetária

Em sua reunião de agosto, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros para 5,25% ao ano.

O Banco Central destacou em seu comunicado riscos para ambos os lados do seu cenário prospectivo: De um lado, reversão da alta de preço de commodities. De outro, a piora na trajetória fiscal como resposta a pandemia, ou a frustração nas reformas tende a pressionar o prêmio de risco.

Projetamos mais duas altas de 1 p.p. e uma de 0,75 p.p., com Selic de 8,00% ao final deste ano.

Política Fiscal

A arrecadação tributária e previdenciária de junho apresentou forte alta frente ao mesmo mês do ano anterior. O resultado decorreu da recuperação da atividade econômica e da base de comparação afetada pela primeira onda da pandemia.

O desempenho do Governo Central foi similar, apresentando déficit de R$ 73,5 bilhões no mês (depois dos R$ 194,8 bilhões em contas negativas no mesmo período de 2020). A grande diferença veio a reboque de uma alta de 57,0% das receitas líquidas, ao passo que as despesas tiveram queda de 34,6%, sempre comparando a junho de 2020 em termos reais.

O contexto de crise provocado pela pandemia relega a arrecadação ao segundo plano, uma vez que o desafio se tornou aumentar dispêndio para evitar queda mais aguda da atividade econômica.

Taxa de Câmbio

Acreditamos que a taxa de câmbio tende a se estabilizar em patamar mais depreciado, em termos reais, frente aos níveis de 2010-2014.

O ambiente externo conduziu a maior parte do movimento de depreciação do real ao longo de 2020.

Continuamos a enxergar dificuldades em aprovar novas reformas, em especial a tributária, algo que certamente limita o potencial de recuperação do real.

Acredita-se que as incertezas derivadas do processo eleitoral de 2022 vão começar em breve a ser sentidas pela moeda brasileira.

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA

Fonte: 4E Consultoria

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