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Risco fiscal ainda é principal razão para câmbio rondar patamar de R$ 5,30

O risco fiscal segue como o principal fator de pressão sobre o dólar e justifica que a moeda continue rondando o patamar de R$ 5,30, avalia o economista-chefe da Kairós Capital, Marco Maciel. Nesse sentido, uma valorização menos vigorosa ou mesmo queda do minério de ferro daqui para frente, ainda que, na margem, não seja positiva para a economia brasileira, não teria impactos tão significativos sobre o dólar, diz ele.

“É claro que o cenário externo, com a situação da China, ganhou força na determinação do câmbio na semana passada. Mas o risco fiscal, na decomposição de variância do câmbio, permanece como o fator mais importante para explicar o dólar perto de R$ 5,30”, aponta Maciel. “O cenário de juros também é outro aspecto relevante nesse cálculo.”

Segundo Maciel, os sinais menos “hawkish” (postura inclinada à retirada de estímulos monetários) do Banco Central, que sugere que a velocidade do aperto monetário não deverá ser acelerada, apoiam a cotação do dólar perto dos níveis atuais, de cerca de R$ 5,25.

“Os temores sobre a redução da demanda de minério de ferro e as consequências da situação da Evergrande para a saúde de outras construtoras na China devem ter adicionado uns 5 centavos à taxa de câmbio semana passada, levando-o a R$ 5,30, na esteira da procura por ativos livres de risco”, diz ele.

De outro lado, um BC mais hawkish deveria significar um câmbio mais perto de R$ 5,20, observa o economista.

Para Maciel, dados os fatores domésticos que predominantemente determinam o dólar no atual patamar, “qualquer imbróglio fiscal” é suficiente para levar a moeda para perto de R$ 5,38 ou R$ 5,40. “De outro lado, não acho que dúvidas persistentes sobre o preço do minério de ferro fariam o dólar se apreciar a tais níveis, para ter uma ideia da importância do fiscal no cálculo do câmbio”, diz.

Segundo ele, dada a perda de vigor no setor de construção chinês e a tendência de encaminhamento da economia asiática para uma agenda verde, a demanda pelo minério de ferro deve se reduzir, levando a uma queda dos preços da matéria-prima. Mas isso não quer dizer que a balança comercial brasileira não deva seguir se beneficiando de preços de outras commodities.

“A gente tende a ver uma alta menos pronunciada do minério de ferro, a uma velocidade menor do que antes, o que certamente tem um impacto na balança comercial e pega no câmbio de fundamentos [determinado por termos de troca e passivo externo]. Mas o fiscal é o que segue jogando o dólar para R$ 5,30. Além do mais, para o Brasil, outras commodities podem ser favorecidas, como as alimentícias, tipo soja e carne, ou mesmo energéticas, como o petróleo”, avalia.

Fonte: Valor Investe

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