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Revisão de emprego formal pelo Caged não muda trajetória de recuperação

A revisão de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2020 revela uma recuperação mais fraca do que se sabia, mas não muda a trajetória de recuperação, nem tem implicação sobre o cenário atual, avaliam especialistas. Em vez das 142.690 vagas abertas no ano, o saldo positivo foi atualizado para 75.883 novos empregos formais, um número 46,82% menor. A mudança se deve a ajustes após empresas haverem enviado informações fora do prazo.

economista-chefe da MB AssociadosSergio Vale, diz que as revisões dos dados do Caged são normais. “De qualquer maneira, segue sendo verdade que os dados de 2020 do Caged estão descasados da queda de atividade naquele ano”, comentou. “A melhora na ocupação de formais mais recente que a PNAD tem apontado é mais coerente com o que está acontecendo na economia do que o Caged, que já reportava forte expansão de formais já no ano passado.”

“A revisão dos dados não muda a trajetória, e sim o nível”, disse Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). “Ela está mais fraca”. Não se nega, porém, que houve recuperação do emprego a partir do segundo semestre de 2020, acrescentou.

Duque alertou para possíveis erros nos dados do Caged num texto publicado no Blog do Ibre em outubro de 2020. Chamou-lhe a atenção a forte queda no número de estabelecimentos que não reportavam admissões nem demissões, o que não é um comportamento esperado em meio à pandemia. O confronto entre dados de demissões e pedidos de seguro-desemprego também sugeriam que os desligamentos poderiam estar subnotificados.

A revisão dos dados do emprego formal em 2020 não altera o cenário para recuperação do mercado de trabalho, disse o economista da XP Rodolfo MargatoEmbora os números apontem para uma geração de vagas 46,82% menor do que se sabia, em termos absolutos a queda foi de 75.883 empregos, comentou. Não é um número grande, se for levado em conta que em 2021 já foram criados cerca de 3 milhões de novos empregos com carteira assinada.

Não é incomum que os dados do Caged sejam revistos, disse Margato. A de 2020 foi mais forte que o padrão, mas isso pode ser explicado pela alteração da metodologia de apuração.

Há problemas no mercado de trabalho, aponta o economista, como a precarização e o mercado informal ainda com dados deprimidos. Outros fatores, como a insegurança na política fiscal, podem afetar mais o emprego do que uma revisão de dados do Caged, comentou.

Fonte: Valor Investe

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