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Por que o cafezinho ficou mais caro e o que o Brasil tem a ver com isso?

O preço do café subiu ao patamar mais alto em 10 anos e analistas esperam que o aperto no mercado continue ao longo de todo o ano que vem.

Segundo o site da emissora CNBC, os contratos de café para dezembro encerraram na segunda-feira cotados a US$ 2,34. Na terça, o café futuro na bolsa de Nova York alcançou US$ 2,46, o preço mais alto desde 2011, quando a commodity superou US$ 3.

Simultaneamente, a Associação Internacional de Café projetou um preço-alvo de US$ 2,07 na quinta-feira, uma alta de 85% em relação a um ano antes.

Ainda de acordo com a CNBC, Ole Hansen, estrategista-chefe de commodities do Saxo Bank, afirmou que nos últimos 12 meses surgiu uma “tempestade perfeita” para dar um impulso também ao feijão. Além disso, ele falou sobre como a situação climática do Brasil pode impactar essas commodities.

“Precisamos nos focar no que está acontecendo no Brasil este ano, onde tivemos uma baixa nas temperaturas, um período muito rápido de geada que atingiu algumas áreas de cultivo, e tivemos um período de seca. Isso deixou a safra de 2022 em um estado um pouco precário”, afirmou.

Hansen ainda acrescentou que o cenário climático adverso pode afetar também as safras no ano de 2023. “Vimos o café subir para cerca de US$ 3 em 2011, quando tivemos outro susto com o Brasil”, disse ele. “Esse é tipo de número que leva o mercado a especular se podemos chegar a esses níveis mais uma vez, e acho que pensando no Brasil, e se as projeções para os próximos meses continuarem confirmando desaceleração ou redução da produção, então o risco de nossa cerveja ficar mais cara é muito real”, afirma.

Além do mau tempo, há outra coisa que impacta no preço do café. Os produtores e torrefadores (empresas que refinam o café) geralmente estão localizados em países diferentes. Portanto, a incerteza do mercado também vem de países exportadores como a Etiópia, que está à beira de uma guerra civil, e o Vietnã, que está registrando um aumento nos casos de Covid-19 que podem afetar a produção.

Consumo no Brasil

O consumo interno de café recuou 14% nos últimos 30 dias, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). A reação já reflete a alta de preços. No campo, a matéria-prima, que representa 70% do custo para a indústria, subiu 130% neste ano.

Segundo a Abic, os estoques de produto com preços antigos chegaram ao fim, fator que acabou interferindo ainda mais para reajustes recentes de preços do café nas gôndolas. Nas fazendas, o grão se valorizou devido à quebra da safra colhida neste ano, em função de problemas climáticos. “Somente a partir de março do ano que vem, quando será possível ter uma ideia mais objetiva sobre a colheita da safra 2021/2022, os cenários poderão ser traçados de maneira mais confiável”, diz a Abic, em nota.

Ainda segundo as torrefadoras, o aumento é o maior registrado em 25 anos no país, mas o produto continua sendo acessível e “rentável”, já que um quilo de café pode render até 14 litros da bebida.

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: Valor Investe

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