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IPCA de dezembro não altera cenário de inflação para 2022, dizem economistas

O resultado do IPCA de dezembro, que subiu 0,73% e ficou acima da mediana das expectativas de mercado, que estavam em 0,65%, segundo o Valor Data, mostra uma composição ruim da inflação, mas não chega a alterar o cenários que os economistas projetaram para a inflação em 2022.

“A princípio não causa mudança, embora tenha ficado um pouco acima do esperado”, disse ao Valor a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória. Ela explica que, caso a inflação tivesse seguido a tendência de novembro e desacelerado mais, o Banco Central poderia reduzir o ritmo de alta da taxa de juros para 100 pontos-base na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Contudo, com a frustração dessa expectativa, mantém-se o consenso do mercado de que a Selic aumentará mais 150 pontos-base. Assim, a taxa básica de juros brasileira deve subir para 10,75% no encontro programado para 19 e 20 de janeiro.

“Muda um pouco essa visão mais dovish, mas em relação ao consenso de mercado não muda. Deve confirmar mais uma alta de 150 pontos”, disse Rafaela Vitória, ressaltando que sua equipe conversará para possivelmente rever a projeção mais otimista, em relação a outras no mercado, de 11% da Selic no fim do ciclo de alta, projetado para a reunião de março.

Para Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro Capital, o IPCA de dezembro, que levou a inflação a encerrar 2021 em alta de 10,06%, a maior desde 2015, mostrou “uma qualidade ruim do dado, ainda que grande parte da surpresa em relação ao projetado tenha se concentrado em poucos grupos e ainda sob a influência da Black Friday.

“Itens como perfume e vestuário apresentaram uma recomposição de preços mais rápida que o esperado e explicaram quase toda a surpresa”, escreveu em nota.

Porém, conforme destaca Barbosa, olhando para as diversas medidas subjacentes, os núcleos e a difusão, o dado segue indicando uma composição desfavorável para o IPCA, com inflação elevada e altamente disseminada nos segmentos de industriais e serviços pressionando os núcleos de inflação.

“Assim, na nossa visão, foi uma leitura negativa, mas insuficiente para alterar a postura do Copom, que deve subir a taxa Selic em mais 150 pontos-base na sua próxima reunião. Porém, o dado de hoje pode reduzir a percepção dos economistas de que poderíamos ter um momento mais favorável para a inflação no curto prazo, com revisões altistas para o IPCA no primeiro trimestre de 2022”, conclui o economista da Kínitro.

Já para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, ainda não dá para dizer que o resultado de dezembro é preocupante. “Não podemos afirmar isso porque sazonalmente em dezembro esses movimentos costumam acontecer. E o histórico recente da evolução não nos diz muito. Não é possível afirmar, com base nesse movimento, que teremos uma inflação sustentável e elevada nos próximos meses e que ela de fato contagiou os núcleos da inflação”, declarou.

“Esse movimento, resultado acima da expectativa, diz apenas que ainda estamos passando por choques muito fortes de retomada do nível de atividade e de novo encontro do ponto de equilíbrio entre oferta e demanda e esses choques geram em alguns meses inflação mais elevada, em outros meses inflação menos intensa. Não é possível afirmar com base nesse resultado de dezembro que nós temos de uma inflação mais elevada para vir em 2022”, conclui Argenta.

Rafael Vitória, do Inter, acrescentou ainda que a perspectiva de uma atividade econômica mais fraca e a política monetária restritiva do Banco central deve colaborar para o arrefecimento da inflação ao longo do ano, conforme os economistas projetaram no fim do ano passado.

Fonte: Valor Investe

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