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Ibovespa retoma os 120 mil pontos, com falas de Lira e exterior positivo; dólar fecha em R$ 5,26

Juros futuros também recuaram com declarações do presidente da Câmara em defesa da responsabilidade fiscal. No exterior, alta do minério de ferro ajuda a Vale e siderúrgicas

RIO — Após vários dias com pregões negativos, a Bolsa brasileira conseguiu se aproveitar do bom humor exibido pelos mercados no exterior, fechando com alta firme nesta terça-feira.

O sentimento mais favorável a tomada de risco, as declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em defesa da responsabilidade fiscal, e a alta do preço do minério de ferro negociado no exterior contribuíram para o dia de alívio no mercado local.

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O Ibovespa, principal índice da B3, fechou com alta de 2,33%, aos pontos 120.211 pontos.

O dólar, por sua vez, operou em baixa ante o real durante todo o pregão, acompanhando o movimento da divisa no exterior.

A moeda americana terminou negociada a R$ 5,2616, queda de 2,20%. Foi a primeira vez que a divisa fechou abaixo dos R$ 5,30 desde o dia 17 de agosto, quanto terminou cotada em R$ 5,2726.


Fala bem recebida

O movimento de baixa do dólar foi intensificado após declarações de Arthur Lira durante evento organizado pela XP Investimentos.

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O presidente da Câmara reafirmou o compromisso do Congresso com a responsabilidade fiscal, destacando que discussões sobre a reformulação do Bolsa Família e a respeito da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos precatórios irão tramitar observando o teto de gastos.

Lira também afirmou que a reforma do imposto de renda (IR) não deve ser votada nesta semana, permitindo que ocorram novas rodadas de negociação sobre o tema.

— Essa é uma preocupação que vem rondando o mercado há tempos, então qualquer discurso nesse sentido (alinhado à responsabilidade fiscal) agrada bastante — disse o sócio e gestor da mesa proprietária da Axia Investing, Antonio Marcos Samad, sobre as declarações de Lira.

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Para Samad, apesar do dia positivo, novas turbulências podem ocorrer nos próximos dias em razão, principalmente, do cenário interno.

— O mercado financeiro gosta de mar calmo. Mas é exatamente o contrário que está acontecendo no nosso ambiente político. A crise entre os poderes e os ruídos de pedidos de impeachment circulando pelos corredores de Brasília, fazem com que os principais players do mercado fiquem muito mais sensíveis com a nossa bolsa.

Na mesma linha, o analista da Aware Investments, Aldo filho, destaca que a crise institucional recente deve continuar contaminando o mercado local.

— Percebo uma crise institucional que atrapalha qualquer possibilidade de melhorar o quadro fiscal. Não é benéfico para ninguém manter embates entre os Poderes, principalmente em momentos em que são necessárias medidas e decisões importantes, macroeconomicamente falando — disse.

Para os especialistas, o novo adiamento da votação sobre as mudanças no IR também pode gerar alguma volatilidade, já que adiciona mais incerteza em cima de um texto mal avaliado pelos investidores.


Vale e varejistas sobem

Entre as ações, as odrinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiram 1,14% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 2,07%.

As ordinárias da Vale (VALE3) tiveram alta de 3,65%, influenciadas pela alta do preço do minério de ferro negociado no exterior.

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Quem também pegou carona no movimento foram os papéis ON da Siderúgica Nacional (CSNA3) e os preferenciais da Usiminas (USIM5), que avançaram 5,35% e 7,10% respectivamente.

— A recuperação do minério de ferro no mercado internacional contribui bastante a sustentar a alta do dia pelas ações da Vale e das siderúrgicas que têm grande relevância no índice.  E a expectativa de melhora do ambiente econômico global fortalece o petróleo, influenciando os papéis da Petrobras — disse o analista da Aware, destacando a contribuição de papéis de bancos e varejistas para o dia positivo.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) tiveram alta de 2,79% e as do Bradesco (BBDC4), 2,63%.

O sentimento mais positivo em relação ao controle da variante Delta do coronavírus também beneficiou as companhias do setor aéreo e de turismo.

As preferenciais da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4) subiram 10,97% e 7,30%, respectivamente. As ordinárias da CVC Brasil (CVCB3) tiveram alta de 6,38%.

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Nas maiores altas, destaque para as ordinárias da Cyrela (CYRE3), que subiram 12,33% e de varejistas ligadas ao e-commerce. Os papéis ON da Americanas s.a (AMER3) subiram 9,69% e as preferenciais (LAME4), 11,81%.

As ordinárias da Magalu (MGLU3) avançaram 6,12%.

Os papéis foram beneficiados pelo relativo alivo nas taxas longas de juros, além de estarem descontados após perdas em pregões recentes.


Juros futuro recuam

As falas apaziguadoras de Lira tiveram efeito sobre as taxas futuras de juros, que vinham bastante pressionadas com a escalada dos riscos político e fiscal.

Um leilão de notas do Tesouro Nacional também contribuiu para o alívio de pressão sobre as taxas.

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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 caiu de 6,71% no ajuste anterior para 6,69% e a do DI para janeiro de 2023 cedeu de 8,49% para 8,41%.

Já a do contrato para janeiro de 2025 cedeu de 9,74% para 9,57%. A do DI para janeiro de 2027 fechou em 9,98% ante os 10,19% da leitura anterior.


Bolsas no exterior

As bolsas americanas fecharam com alta. O índice Dow Jones subiu 0,09% e o S&P, 0,15%. Em Nasdaq, ocorreu alta de 0,52%. As altas foram suficiente para que S&P e Nasdaq renovassem os seus recordes de fechamento.

Na Europa, as bolsas fecharam mistas. A Bolsa de Londres subiu 0,24%. Em Frankfurt, houve alta de 0,33% e, em Paris, queda de 0,28%.

As bolsas asiáticas fecharam com altas. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 0,87%. Em Hong Kong, houve avanço de 2,46% e, na China, de 1,07%.

 

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