Emprego deve desacelerar nos próximos meses, dizem economistas
A forte recuperação do mercado de trabalho e também do rendimento dos trabalhadores deve desacelerar nos próximos meses, dado o esfriamento da atividade econômica, dizem economistas.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a taxa de desocupação caiu a 8,7% no terceiro trimestre de 2022. O resultado veio em linha com a mediana das expectativas colhidas pelo Valor Data, que variavam entre 8,6% a 8,8%.
“A Pnad de setembro reforça um bom desempenho da atividade econômica e do mercado de trabalho. Contudo, com o fim do alívio inflacionário promovido pelos cortes de impostos e nos preços de combustíveis, espera-se que esta leitura seja o ápice do ganho real do rendimento médio. Próximas edições devem, por suposto, também mostrar algum nível de arrefecimento mediante o patamar de juros alto”, diz o banco Modal em comentário a clientes.
Na abertura por ocupação, o banco Original chama atenção para uma contração de postos em posições “mais frágeis”, como empregados no setor privado sem carteira assinada, trabalhadores domésticos e por conta própria.
“Esse quadro contribuiu para queda da informalidade, de 39,4% ante 39,7% em agosto”, diz o banco também em relatório. “O número seria positivo se considerássemos um cenário no qual os trabalhadores informais tornaram-se formais, mas apesar desse fluxo existir, entendemos que a desaceleração da atividade é o principal fator, dado os efeitos crescentes da política monetária.”
O Goldman Sachs, por sua vez, ressalta que a taxa de desemprego está não apenas abaixo do nível pré-pandemia, mas também no piso da Nairu, ou a taxa de desocupação que não acelera a inflação.
“A recuperação vista entre janeiro e setembro foi mais ampla e profunda que o antecupado. Esperamos que a tendência perca força nos próximos trimestres, dada a expectativa de crescimento menor no segundo semestre de 2022 e ao longo de 2023”, escreve o economista Alberto Ramos. “O desemprego também pode crescer caso os desencorajados, que somam 3,9% da força de trabalho, comecem a procurar recolocação ativamente.
Fonte: Valor